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Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama

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www.nead.unama.br<br />

coeficiente para os seus <strong>de</strong>veres no lar doméstico, tanto mais que o trabalho <strong>de</strong><br />

Licério para com essa expressão era simplesmente reduzir termos semelhantes do<br />

mesmo sinal. Mais amor <strong>de</strong> <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong>, mais amor do agregado.<br />

Cônscio <strong>de</strong> que o sub<strong>de</strong>legado não o havia iludido quando converteu em<br />

questão <strong>de</strong> honra o crime <strong>de</strong> Francisco Benedito, o cauto e inteligente rábula abriuse<br />

<strong>de</strong>sassombradamente.<br />

visita.<br />

— Sabe a que venho aqui, seu Chico?<br />

— Para honrar a casa do pobre, meu senhor; e dar-nos gosto.<br />

— Sim e não. Um negócio muito sério é principalmente a razão da minha<br />

— Faz favor <strong>de</strong> dizer qual é, eu já adivinho que vem falar das eleições.<br />

— Não, venho falar das cacetadas no seu compadre.<br />

— Mas não fui eu; e já o sub<strong>de</strong>legado resolveu o negócio.<br />

— Não senhor; ele não po<strong>de</strong> resolver, há processo e está provado com<br />

testemunhas como você e o Sebastião disseram que iam fazer espera ao capitão.<br />

— Ninguém po<strong>de</strong> dizer isto.<br />

— Ouça o Manuel João...<br />

— Aquilo é um mentiroso, que nem me põe os pés aqui.<br />

— O Lúcio Ribeiro...<br />

— Ora, este jura por dinheiro.<br />

— O Faustino, todos <strong>ou</strong>viram.<br />

— É uma mentira: só quem podia dizer era o Sebastião, mas por este juro.<br />

— Mas então o Sebastião sabe como você acaba <strong>de</strong> dizer e portanto eu s<strong>ou</strong><br />

mais uma testemunha. Deixemos <strong>de</strong> partes: <strong>ou</strong> você entra numa conciliação <strong>ou</strong> eu<br />

faço andar o processo. Escolha.<br />

— Diabos leve a hora em que entrei neste lugar; brad<strong>ou</strong> furioso o agregado;<br />

o que é que eu hei <strong>de</strong> fazer para conciliar?<br />

— Por exemplo dar-me este mandiocal <strong>ou</strong> uns cinqüenta mil réis; como lhe<br />

for mais acomodado; eu não lhe quero fazer mal.<br />

— Mas isto é r<strong>ou</strong>bar o meu suor; não quero.<br />

— Então vai para ca<strong>de</strong>ia; passa lá uns cinco anos e come <strong>de</strong> lá a farinha.<br />

Passe muito bem; talvez quando se arrepen<strong>de</strong>r seja tar<strong>de</strong>.<br />

Licério dirigiu-se imediatamente para a porta, mas ao transpor o limiar,<br />

par<strong>ou</strong>. Queria vibrar o <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro golpe.<br />

— Ouça, disse ele, cesteiro que faz um cesto faz um cento; veja se vem darme<br />

pauladas também.<br />

Depois <strong>de</strong> coçar <strong>de</strong>sesperadamente a cabeça, o agregado cham<strong>ou</strong> Licério<br />

para <strong>de</strong>ntro e disse-lhe:<br />

— Enfim, com seiscentos diabos, vão-se os anéis e fiquem-se os <strong>de</strong>dos. Eu<br />

quero mostrar àquele traste que não se machuca os <strong>ou</strong>tros assim sem mais nem<br />

menos. Perco dinheiro mas d<strong>ou</strong> uma lição. Está fechado o negócio com o<br />

mandiocal. Serve?<br />

— Ora até que afinal, exclam<strong>ou</strong> Licério esfregando as mios; estava a<br />

parecer que tinha perdido o juízo. Está feito, está feito, só para conciliá-los eu não<br />

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