12.04.2013 Views

Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama

Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama

Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

www.nead.unama.br<br />

— Desculpe-me. acudiu Seberg bruscamente; <strong>de</strong>sculpe-me; tenho<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar já e já a um amigo.<br />

E o nobre Sr. Seberg tom<strong>ou</strong>. quase a correr, a direção pela qual seguiram a<br />

multidão e os réus, enquanto que o recém-chegado, perplexo, acompanhava-o com<br />

os olhos.<br />

Alguns minutos <strong>de</strong>pois o jurado entrava pela ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Macaé. pedindo<br />

permissão para falar a <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong>.<br />

A luz do can<strong>de</strong>eiro fuliginoso que ardia no corredor da ca<strong>de</strong>ia gui<strong>ou</strong> Seberg<br />

até á prisão do fazen<strong>de</strong>iro. que, <strong>de</strong> pé com os braços apoiados na gra<strong>de</strong> e a cabeça<br />

<strong>de</strong>itada sobre eles, amargava em silêncio o seu lamentável <strong>de</strong>stino.<br />

— Perdoe-me, perdoe-me; exclam<strong>ou</strong> Seberg abraçando por entre a gra<strong>de</strong> o<br />

con<strong>de</strong>nado; reconheça-me pára perdoar um dos seus algozes.<br />

Os soluços <strong>de</strong> ambos embargaram-lhes por largo tempo a voz. mas<br />

finalmente <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong>, fazendo um gran<strong>de</strong> esforço. pô<strong>de</strong> dirigir-se ao seu<br />

inesperado visitante.<br />

— Os Srs. cumpriram o seu <strong>de</strong>ver, não lhes quero mal por isso. Perdôo<br />

mesmo aos que me per<strong>de</strong>ram, mas o que eu não posso explicar é a razão por que<br />

foi con<strong>de</strong>nado o meu pobre escravo, o infeliz Domingos. Eu tinha inimigos, mas ele...<br />

o <strong>de</strong>sgraçado!...<br />

— Não perca a esperança, exclam<strong>ou</strong> Seberg; tudo ainda não está perdido.<br />

O que nossa exaltação impediu-nos <strong>de</strong> ver até hoje, talvez o tribunal superior possa<br />

<strong>de</strong>scobrir. Tenha fé em Deus, meu amigo, resigne-se e espere.<br />

O fazen<strong>de</strong>iro mene<strong>ou</strong> a cabeça. Era a muda confissão do <strong>de</strong>sânimo,<br />

respon<strong>de</strong>ndo à consolação da amiza<strong>de</strong>.<br />

Seberg abraç<strong>ou</strong> pela última vez o <strong>de</strong>sventurado e afast<strong>ou</strong>-se dirigindo-se<br />

para a saída da ca<strong>de</strong>ia, on<strong>de</strong> par<strong>ou</strong> <strong>de</strong> chofre. Uma mulher coberta com um véu, e<br />

acompanhada por dois homens, entrava neste momento.<br />

Quando estas três pessoas passaram, Seberg exclam<strong>ou</strong> tristemente Pobre<br />

família; que <strong>de</strong>sgosto e que vergonha!<br />

As três pessoas que entraram atravessaram uma pequena sala, e, guiadas<br />

pelo carcereiro, foram tomar o lugar havia p<strong>ou</strong>co <strong>de</strong>ixado pelo Sr. Seberg.<br />

O con<strong>de</strong>nado, pertransido pela sua agonia, não percebeu que junto <strong>de</strong> si<br />

olhos curiosos espiavam-no, e nem <strong>ou</strong>viu o que se dizia a seu respeito.<br />

Afinal um dos recém-chegados tom<strong>ou</strong> a palavra:<br />

O Sr. <strong>Coqueiro</strong> dá licença que lhe apresentemos uma pessoa que o veio<br />

visitar?<br />

— Oh! Meu senhor, respon<strong>de</strong>u o sentenciado, hoje uma visita é a prova<br />

mais sincera <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>, que me po<strong>de</strong> ser dada. Eu s<strong>ou</strong> tão odiado!<br />

O homem que fal<strong>ou</strong> acerc<strong>ou</strong>-se então da mulher e levant<strong>ou</strong>-lhe o véu.<br />

— Minha senhora, exclam<strong>ou</strong> <strong>Coqueiro</strong>; eu lhe agra<strong>de</strong>ço muito a sua<br />

compaixão. Hei <strong>de</strong> ensinar a meus filhos a repetirem o seu nome.<br />

191

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!