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Motta Coqueiro ou a Pena de Morte - Unama

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www.nead.unama.br<br />

— E <strong>de</strong>ntro em duas completamente fora do alcance dos seus caluniadores,<br />

respon<strong>de</strong>u o terceiro.<br />

Passados alguns minutos, <strong>ou</strong>viu-se um assovio prolongado e agudíssimo, e<br />

um grito <strong>de</strong> alerta da sentinela.<br />

Os três embuçados disseram ao mesmo tempo:<br />

— Ei-los.<br />

Caminharam então para a célula <strong>de</strong> <strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong>.<br />

— Eu não quero comprometê-lo, senhor, dizia o preso para o carcereiro;<br />

<strong>de</strong>ixe-me abraçá-la, somente; bem sabe que eu não tomarei a vê-la tão cedo. O<br />

senhor foi generoso consentindo que ela visse-me, complete a obra <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>ixando que a possa abraçar.<br />

— Abra, disse o embuçado que influía no ânimo do carcereiro; eu me<br />

responsabilizo.<br />

A gra<strong>de</strong> rod<strong>ou</strong> sobre os gonzos, e a menina foi colhida pelos braços do<br />

fazen<strong>de</strong>iro, que murmur<strong>ou</strong>:<br />

— Obrigado, obrigado, meu amigo, eu bem vi que me não havia<br />

abandonado.<br />

— Prudência, prudência; é preciso que não nos <strong>ou</strong>çam, pon<strong>de</strong>raram os<br />

embuçados.<br />

— Vós?! Oh já não s<strong>ou</strong> tão <strong>de</strong>sgraçado.<br />

— Crê que eu seja um homem honrado, pergunt<strong>ou</strong> o embuçado ao<br />

carcereiro.<br />

— Sr. d<strong>ou</strong>tor! ...<br />

— Agra<strong>de</strong>cido. V<strong>ou</strong> pedir-lhe que me preste um gran<strong>de</strong> serviço. O senhor irá<br />

para a sua sala e consentirá que tranque-o por fora. Ainda mais; guardará silêncio<br />

sobre o que se passa agora aqui, segredo absoluto.<br />

— Est<strong>ou</strong> pronto, respon<strong>de</strong>u o carcereiro; tenho apenas a lembrar-lhe o<br />

comprometimento que daí resultará para V.S. e também para mim.<br />

O embuçado, sem respon<strong>de</strong>r à objeção dirigiu-se imediatamente ao<br />

fazen<strong>de</strong>iro.<br />

— Não há tempo a esperdiçar, meu amigo; siga-nos.<br />

<strong>Motta</strong> <strong>Coqueiro</strong> saiu levando nos braços a filha e todos dirigiram-se para a<br />

escada.<br />

Os embuçados <strong>de</strong>sceram alguns <strong>de</strong>graus, mas foram obrigados a parar<br />

interrogados pelo fazen<strong>de</strong>iro acerca do que iam fazer.<br />

— Fugir, e já; respon<strong>de</strong>ram eles.<br />

— Não; não quero fugir, afirm<strong>ou</strong> ele nobremente; era comprometê-los talvez<br />

e certamente <strong>de</strong>ixar ainda mais enegrecido o meu nome. Quero justificar-me.<br />

— Mas lembre-se <strong>de</strong> que só tem em torno <strong>de</strong> si ódio e calúnias; lembra-se<br />

<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser con<strong>de</strong>nado, porque todas as provas são contra si.<br />

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