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Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah

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elembrando seu carinho, rigor, e o respeito que tinham com ela. Já (H) enfatizou o fato de<br />

que lembrava dela como uma mulher “bonita e cheirosa”.<br />

3.5 OS PROFESSORANDOS DA ENSK E SUAS RELAÇÕES COM A PROFISSÃO E<br />

COM A POLÍTICA<br />

No início de nosso trabalho, indicamos que ao nos voltarmos à turma de formandos de<br />

1965, esperávamos perceber afastamentos e aproximações entre eles e a definição de<br />

Intelectual que abraçamos, procurando perceber aspectos das relações que o grupo estabelece<br />

com a política. Entendemos que há uma imagem construída historicamente sobre os(as)<br />

professores(as) primários(as), que atribui a eles(as) um caráter despolitizado.<br />

Por isso é compreensível que nossas entrevistas tenham procurado, entre outras coisas,<br />

questio<strong>na</strong>r os egressos daquela turma a respeito do que significava se tor<strong>na</strong>r professor <strong>na</strong>quele<br />

período. Que tipo de compromissos a atividade pressupunha? Citaremos abaixo algumas<br />

respostas do entrevistado C.:<br />

106<br />

O jovem professor, antes mesmo de sua formatura (no terceiro ano normal) assumia<br />

a responsabilidade de regência de uma turma, com uma média de 45 alunos, com<br />

diferentes faixas etárias. Eu, por exemplo, à época com 17 anos, sem nenhuma<br />

experiência anterior ( o estágio era <strong>na</strong>quela oportunidade ), assumi uma turma de 47<br />

alunos (quinta série) com idade variando de 9 a 14 anos ( eu tinha 3 anos a mais que<br />

meus alunos mais velhos). Tinha responsabilidade não só de transmitir<br />

conhecimentos, como também de desenvolver atitudes e habilidades, isto é, preparar<br />

<strong>na</strong> criança o futuro cidadão.<br />

A presença da orientadora (três visitas no ano) servia ape<strong>na</strong>s para avaliar meu<br />

desempenho <strong>na</strong>quele momento. Só isso. A responsabilidade que nos cabia era a<br />

mesma de um professor mais experiente e o resultado dependia da capacidade,<br />

esforço e dedicação de cada um de nós.<br />

Por outro lado, cabia-nos a responsabilidade pela continuidade de nossos estudos,<br />

preparando-nos para realizações futuras.<br />

O professor, em qualquer época, será sempre um ser humano especial, predesti<strong>na</strong>do.<br />

No entanto, com referência à profissão, por certo, houve mudanças com o tempo. O<br />

professor, <strong>na</strong> década de 60, Era muito melhor preparado do que hoje. Naquela época,<br />

o curso normal era ministrado só por escolas públicas específicas, onde o ensino,<br />

sem dúvida, era o melhor. Hoje, são formados professores “em qualquer lugar” com<br />

um ensino deficiente e com uma dedicação duvidosa, salvo algumas exceções.<br />

O reconhecimento do trabalho do professor, <strong>na</strong>quela época, era demonstrado, através<br />

do carinho e respeito dos alunos dos pais dos alunos e de toda a sociedade em geral.<br />

Hoje, a figura do professor está desacreditada, carecendo de total reconhecimento,<br />

sem falar em carinho e respeito. Até mesmo, do ponto de vista fi<strong>na</strong>nceiro, àquela<br />

época, ainda se sobrevivia com o salário de professor. Esses comentários referem-se,<br />

especificamente, ao professor primário, que é o principal responsável pela educação<br />

(formação e informação) da criança, num trabalho conjunto com a família.

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