Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah
Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah
Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
espaços: o escolar e o profissio<strong>na</strong>l. Com isso, a ENSK ganha relevância, como espaço de<br />
análise da identidade docente e das categorias sociais que a sustentam, pois, apesar de<br />
historicamente contingente, a prioridade atribuída aos campos profissio<strong>na</strong>l e escolar confere<br />
uma legitimidade particular a estas categorias e, portanto, aos campos sociais a partir dos<br />
quais elas são construídas e reconstruídas (DESROSIÈRES et al., 1983 apud DUBAR, 1997,<br />
p. 111).<br />
Ao indicarmos a identidade docente como foco de nossas atenções, aliando a descrição<br />
deste conceito a algumas “justificativas” acerca da relevância da ENSK como local pertinente<br />
para uma possível compreensão acerca deste tema, cabe mais uma vez a pergunta: Qual o<br />
sentido de se buscar lançar alguma compreensão acerca desta identidade nos anos de 1960?<br />
Correndo o risco de sermos repetitivos, destacamos mais uma vez a premência que a questão<br />
política (e mesmo do binômio educação/política) teve <strong>na</strong>queles anos. Assim, se hoje o<br />
professor primário é identificado como alguém sem comprometimento político, porque não<br />
nos perguntarmos o peso que aqueles anos – marcados pela participação e contestação política<br />
– tiveram nesta construção?<br />
Para isso, retor<strong>na</strong>mos à Dubar, para quem a noção de identidade é perpassada pela<br />
questão da “geração”. Cada nova geração é incitada a reconstruir sua identidade a partir da<br />
elaboração das identidades sociais herdadas da geração que lhe precede, das identidades<br />
virtuais adquiridas no decorrer da socialização primária e das identidades possíveis, às<br />
quais tem acesso durante a socialização secundária. Ao olharmos para os anos 1960, é<br />
relevante se pensar que<br />
[...] as próprias categorias pertinentes de identificação social evoluem no tempo e<br />
permitem antecipações recíprocas <strong>na</strong>s quais se podem encaixar as negociações<br />
<strong>identitárias</strong>. Assim, <strong>na</strong>da é mais importante para a análise sociológica do que<br />
localizar movimentos que afetam os modelos sociais de identificação, isto é, os tipos<br />
identitários pertinentes [...] Os processos de identificação futura devem ser lidos a<br />
partir da forma como os indivíduos utilizam, pervertem,aceitam ou recusam as<br />
categorias oficiais [...]. É por isso que as tipologias dos sociólogos devem tentar<br />
“colar-se” às tipificações recíprocas dos próprios indivíduos que são produzidas <strong>na</strong>s<br />
negociações complexas com as instituições pertinentes e seus agentes significativos<br />
(DUBAR, 1997).<br />
20