Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah
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1. A CONSTRUÇÃO DO OBJETO DE PESQUISA<br />
É inútil <strong>na</strong>rrar, ou descrever, se o portador da ação não assume sua<br />
subjetividade e nega o impacto do afeto <strong>na</strong> pesquisa. É nossa presença no texto e não<br />
nossa ausência que dá a esse escrito seu interesse e sua perenidade (CIFALI apud<br />
ALTET et al, 2003).<br />
Acredito que as palavras de Cifali são uma abertura bastante adequada para a<br />
apresentação deste trabalho, <strong>na</strong> medida em que a escolha de seu tema foi fortemente<br />
influenciada pela minha subjetividade, sendo de certa forma delineado por minha trajetória de<br />
vida. Assim, nesta introdução, procurarei mostrar como ocorreu este delinear: de que forma<br />
elementos que nomeei como “intuitivos” puderam ser refi<strong>na</strong>dos e encontrar um referencial<br />
teórico para fi<strong>na</strong>lmente se tor<strong>na</strong>rem uma primeira questão que pudesse deflagrar esta<br />
pesquisa. A definição do objeto da presente pesquisa foi lenta e gradual, como observa<br />
Bourdieu <strong>na</strong> citação que segue, a partir de sua própria experiência de pesquisador:<br />
“A construção do objeto – pelo menos <strong>na</strong> minha experiência de investigador –<br />
não é uma coisa que se produza de uma assentada, por uma espécie de ato teórico<br />
i<strong>na</strong>ugural, e o programa de observações ou de análises por meio do qual a operação se<br />
efetua não é um plano que se desenhe antecipadamente, à maneira de um engenheiro; é<br />
um trabalho de grande fôlego, que se realiza pouco a pouco, por retoques sucessivos, por<br />
toda uma série de correções, de emendas, sugeridos por o que se chama o ofício, quer<br />
dizer, esse conjunto de princípios práticos que orientam as opções ao mesmo tempo<br />
minúsculas e decisivas” (BOURDIEU, 1998, p.27).<br />
A leitura destas primeiras pági<strong>na</strong>s certamente permitirá que “minha presença” seja<br />
percebida inúmeras vezes. Espero que, como argumenta Cifali, este seja um fator que<br />
contribua para tor<strong>na</strong>r interessante o presente trabalho.<br />
A seguir, passaremos a descrever as sucessivas fases de aproximação – pessoal,<br />
acadêmica e teórica – que nos permitiram não só delinear o nosso objeto de pesquisa, como<br />
também definir os instrumentos teóricos adequados para o desenvolvimento de nossa<br />
observação e análise.<br />
1.1 PRIMEIRA APROXIMAÇÃO: UMA ABORDAGEM INTUITIVA<br />
O ano de 2005 marca não ape<strong>na</strong>s o meu ingresso no PPGE da Universidade Federal do<br />
Rio de Janeiro. Ele foi, também, o ano em que abandonei o cargo de “professor II” da rede<br />
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