Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah
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Inicialmente imaginávamos que uma vez perguntados acerca dos compromissos que<br />
sua profissão pressupunha, nossos entrevistados acabariam por mencio<strong>na</strong>r o regime militar.<br />
Para nossa surpresa isto não ocorreu, menções ao golpe de 1964 apareceram ape<strong>na</strong>s quando a<br />
pergunta o mencio<strong>na</strong>va especificamente. As respostas que obtivemos, foram muito<br />
semelhantes às de C.<br />
Como veremos, nossos entrevistados enfatizam que seu grande compromisso era para<br />
com “o futuro cidadão”. Lembrando-nos mais uma vez da dissertação de Rodolfo Ferreira<br />
(1994), quando este, ao esquadrinhar a forma como o docente é identificado pela imprensa <strong>na</strong><br />
década de 1950, verifica a predominância de imagens que evocam os professores como<br />
aqueles que se encarregavam da “nobre missão”, cujo objetivo primeiro era o “apuro da<br />
perso<strong>na</strong>lidade e do caráter do educando”. Percebemos que nossos entrevistados, ao refletirem<br />
acerca dos compromissos que lhes cabiam como professores, utilizam expressões que evocam<br />
imagens consolidadas quase uma década antes de sua formatura e num período anterior à<br />
criação de sua escola. Sentimos-nos autorizados a tomar este olhar acerca do professor e de si<br />
próprios como uma categoria oficial, ratificando, assim, as idéias que expressamos no<br />
terceiro capítulo deste trabalho, quando dissemos que esperávamos entender as relações que<br />
os alunos do ENSK estabeleceram com a herança identitária do Instituto de Educação, à luz<br />
dos processos de identificação definidos por Claude Dubar.<br />
Nossa próxima entrevistada L. primeiramente fez questão de salientar o prazer que<br />
sente ao recordar seus “anos de normalista”:<br />
107<br />
Muito me honra participar dessa pesquisa, pois ela me remete a tempos felizes que<br />
passei com grandes pessoas e que se tor<strong>na</strong>ram grandes profissio<strong>na</strong>is sem perderem a<br />
sensibilidade inerente ao verdadeiro educador.<br />
Percebemos que L. também estabelece correlações entre a docência e seus “deveres<br />
patrióticos”, posto que para ela sua responsabilidade era a de: “Formar cidadãos com um<br />
alicerce amplo, sólido e com "n" possibilidades para acolher novas informações e reflexões”.