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Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah

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grande parte, sua dedicação à construção de uma imagem pejorativa da educação, até então,<br />

tutelada pelos jesuítas, enfatizando a necessidade de modernização. Assim o rei declara que:<br />

Desejando Eu não só reparar os mesmos Estudos para que não acabem de cair <strong>na</strong><br />

total ruí<strong>na</strong>, a que estavam próximos; mas ainda restituir-lhes aquele antecedente<br />

lustre, que fez os Portugueses tão conhecidos <strong>na</strong> Republica das Letras, antes que os<br />

ditos Religiosos se intrometessem a ensiná-los com os sinistros intentos, e infelizes<br />

sucessos, que logo desde os seus princípios foram previstos e manifestos pela<br />

desaprovação dos Homens mais doutos, e prudentes ( CARDOSO, 1998, p.117).<br />

A autora destaca que este documento já sustenta a idéia de que era imprescindível,<br />

controlar aqueles que, a partir de então, se dedicassem a tarefa de educar, posto que seriam<br />

agentes de uma política centralizada e estatizante. Por isso mesmo, como já indicado por<br />

Nóvoa (1991), fazia-se necessário controlar o ingresso nesta atividade, motivo pelo qual o<br />

alvará já salienta que estes – embora indicados pelo Diretor dos Estudos – passariam pelo<br />

crivo de uma seleção rigorosa. O documento mencio<strong>na</strong> inclusive que a transgressão às regras<br />

por ele estabelecidas, seriam passíveis de sanções como a “privação do emprego”.<br />

Apesar de anunciar um controle tão rígido, o documento também esboça uma<br />

identificação um pouco mais lisonjeira dos docentes, posto que afirma que estes “terão o<br />

privilégio de nobres, incorporados em direito comum, e especialmente no Código Título de<br />

professoribus et medicis” (CARDOSO, 1998, p.121). Assim é ace<strong>na</strong>da aos docentes a<br />

possibilidade de uma distinção política e social, o que é ainda mais significativo para aqueles<br />

que se encontravam <strong>na</strong>s colônias, para os quais a possibilidade de ascensão social era<br />

particularmente tênue.<br />

Tratando especificamente destes últimos, no edital publicado em 28 de Julho de 1759,<br />

ao convocar candidatos para reger cadeiras dos Estudos menores 14 , já se conjeturava a<br />

possibilidade do preenchimento de vagas fora da metrópole. Nele, o Diretor de Estudos<br />

Gerais D. Tomás de Almeida anuncia que:<br />

14 A desig<strong>na</strong>ção de Estudos menores em Portugal, como aparece nos documentos oficiais desse período,<br />

do mesmo modo que a de <strong>Escola</strong>s Menores, e de Primeiros Estudos, correspondia ao ensino primário e ao ensino<br />

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