Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah
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educacio<strong>na</strong>l definido pelos conflitos entre as forças políticas e ideológicas que disputam<br />
a hegemonia sobre o ensino nunca foi tão evidente, <strong>na</strong> história do Brasil, como no<br />
regime político instituído pelo golpe militar de 1964. (CUNHA, 2005, p.58).<br />
De acordo com tais considerações havia, realmente, no período uma estreita interação<br />
entre política e educação. E quanto à questão “intelectual”? Haveria algum diferencial em<br />
relação a esta questão no Brasil?<br />
A partir da leitura de Pècaut (1990), passamos a pensar este período como uma espécie<br />
de “canto do cisne” do que ele nomeia como a “segunda geração da intelectualidade<br />
brasileira”. No livro “Os intelectuais e a política no Brasil” (PÈCAUT, 1990), o autor<br />
caracteriza os intelectuais dessa geração – que tiveram atuação marcante nos anos 1954-1964 –<br />
como aqueles para quem o país já havia se constituído como <strong>na</strong>ção, tendo no povo um de seus<br />
principais alicerces. Assim é que eles definiriam sua missão em termos de enfatizar sua<br />
atuação como intérpretes das camadas populares, despertando nestas a consciência de sua<br />
vocação revolucionária.<br />
Seria possível identificar vinculações entre estes elementos? Se fosse possível, quais<br />
teriam sido as dinâmicas inter<strong>na</strong>s destes vínculos?<br />
Voltei-me à Bourdieu (1996) para quem a compreensão da lógica do mundo social<br />
requer do pesquisador um olhar atento acerca de uma realidade empírica histórica e<br />
socialmente estabelecida. Era necessário, portanto, que minha pesquisa se reportasse a algo<br />
um pouco mais definido e concreto. Neste momento lancei mão, mais uma vez, de minhas<br />
lembranças.<br />
Até me casar, fui moradora da zo<strong>na</strong> oeste do Rio de Janeiro, região em que se localiza<br />
a <strong>Escola</strong> <strong>Normal</strong> <strong>Sarah</strong> Kubitschek (ENSK). Eu sabia que esta escola havia sido responsável<br />
pela formação de várias gerações de professores, inclusive de minha própria mãe. Foram<br />
inúmeras as vezes <strong>na</strong>s quais ouvi menções ao passado “glamoroso” desta instituição, o que<br />
não considerei condizente com a falta de estudos acadêmicos a seu respeito. Há, <strong>na</strong> verdade,<br />
muitos estudos acerca do Instituto de Educação, mas sobre a escola normal <strong>Sarah</strong> Kubitschek,<br />
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