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Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah

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3 ESTABELECENDO CONEXÕES<br />

No capítulo anterior, procuramos delinear uma espécie de trajetória das identidades<br />

atribuídas e apropriadas pelos professores primários, tentando destacar momentos de nossa<br />

história que acreditamos terem sido particularmente relevantes no forjar destas identidades.<br />

Nosso intuito foi demonstrar como a atividade do professor primário foi abando<strong>na</strong>ndo um<br />

caráter um tanto inespecífico 31 e começando a ser perpassada por alguns simbolismos 32 .<br />

Enfatizamos que, se no fim do século XIX esta atividade era percebida como uma missão. Já<br />

nos primeiros anos do século XX, à identidade desta atividade são agregadas características<br />

resultantes da presença majoritária das mulheres em seu seio que vão lhe atribuindo uma<br />

feminilidade, ainda que sem perder este caráter de missão sagrada.<br />

No bojo deste processo de feminização, as especificidades da tradição cultural<br />

brasileira – que entendemos como geradoras de certas expectativas acerca do papel da mulher<br />

<strong>na</strong> sociedade – foram delineando a imagem a partir da qual o professor primário era percebido<br />

como um cuidador da infância. Uma atividade que, por ser exercida, <strong>na</strong> maior parte das vezes,<br />

por mulheres, sinônimos de doçura e meiguice, não deveria estar relacio<strong>na</strong>da à política, pela<br />

sua “brutalidade”. Mas que, como detentora de um instinto mater<strong>na</strong>l, responsabilizar-se-ia<br />

pelo futuro da <strong>na</strong>ção. Nessa época, os debates em torno da educação brasileira trouxeram<br />

novos elementos para este universo. Para que se fosse capaz de gerar uma elite intelectual de<br />

professores, seria necessário: Disponibilizar instrumentos educacio<strong>na</strong>is a este profissio<strong>na</strong>l;<br />

capacitá-lo com as mais moder<strong>na</strong>s teorias; e proporcio<strong>na</strong>r um espaço de formação – efetivado<br />

com a criação do Instituto de Educação em 1932 –, no qual o ingresso fosse deliberadamente<br />

difícil.<br />

31<br />

Usamos este termo, tentando traduzir a idéia de uma atividade pouco celebrada e para qual não era<br />

exigido um preparo muito específico.<br />

32<br />

No sentido mais restrito do termo : interpretação por meio de símbolos.<br />

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