Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah
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[...] A longa duração, essa estrada essencial da história, não a única, mas que coloca<br />
por si todos os grandes problemas das estruturas sociais, presentes e passadas. É a<br />
única linguagem que liga a história ao presente, convertendo-o em um todo<br />
indissolúvel (BRAUDEL apud LOPES et al., 2003, p.89).<br />
Nossa pesquisa, se apóia também no uso de entrevistas., Quando nos propomos a usá-<br />
las como fonte de pesquisa, estamos nos remetendo à história oral e temos consciência de<br />
que esta opção requer extremo cuidado por parte do pesquisador. Como observou Alberti, a<br />
história oral carrega em seu bojo o fascínio pelo vivido. Encantamo-nos com a possibilidade<br />
de conhecer a experiência do outro, daquele que presenciou os fatos que procuramos<br />
perscrutar. Este atrativo, entretanto, acentua a responsabilidade do pesquisador ao colher e<br />
interpretar as entrevistas, pois é preciso ter em mente que a entrevista é um documento e como<br />
tal deve ser alvo de análises criteriosas. Suas informações não aspiram ao estatuto de verdades<br />
absolutas. De fato as distorções e falhas de memória nos relatos do depoente devem ser<br />
postas a reflexões mais amplas, levando o pesquisador a se perguntar o motivo pelo qual esse<br />
concebe o passado de uma determi<strong>na</strong>da maneira, e o quanto esta “versão” se aproxima ou não<br />
da de outros entrevistados. Como destaca a autora:<br />
Trata-se de ampliar o conhecimento sobre acontecimentos e conjunturas do passado<br />
através do estudo aprofundado de experiências e versões particulares; de procurar<br />
compreender a sociedade através do indivíduo que nela viveu; de estabelecer<br />
relações entre o geral e o particular através da análise comparativa de diferentes<br />
testemunhos, e de tomar as formas como o passado é apreendido e interpretado por<br />
indivíduos como dado objetivo para compreender suas ações. (ALBERTI, 2002, p.<br />
19)<br />
Nosso escopo de análise não se limitará a uma reconstituição do passado dos egressos<br />
da turma de professorandos do ano de 1965 da escola <strong>Normal</strong> <strong>Sarah</strong> Kubitschek, nem,<br />
tampouco, visa simplesmente um reconstituição do passado desta instituição. Esta escola será,<br />
sem dúvida, o solo sobre o qual se desenvolverá nossa pesquisa. Portanto, a delimitação do<br />
tempo (1963 a 1965) e do espaço privilegiado em nossas análises se atrela a um tipo de<br />
abordagem usual no âmbito da história da educação: a história das instituições educacio<strong>na</strong>is.<br />
A esse respeito, Gatti (2002) cita o pesquisador português Justino Magalhães, por ele<br />
considerado um dos teóricos deste viés a<strong>na</strong>lítico, afirmando que:<br />
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