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Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah

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Acreditamos que a identidade docente forjada ao longo das primeiras décadas do<br />

século XX, resultou em características bastante específicas. O ensino fundamental era uma<br />

espécie de palco, um local privilegiado para as características mater<strong>na</strong>is supostamente<br />

inerentes às mulheres. Desta forma, com “amor e candura” elas poderiam se dedicar à<br />

primeira formação do futuro homem brasileiro.<br />

Na sociedade brasileira, marcada por um vigoroso patriarcalismo, a educação sempre<br />

fora pensada para atender aos meninos e não às meni<strong>na</strong>s. As mudanças ocorridas desde as<br />

últimas décadas do século XIX, alteraram aspectos desta orientação. Trata-se do fenômeno da<br />

feminização, ao qual já nos reportamos anteriormente. Segundo D’Avila <strong>na</strong> década fi<strong>na</strong>l<br />

daquele século mais da metade dos professores eram mulheres, e em 1924 elas já<br />

representavam 90% dos docentes brasileiros .<br />

Afrânio Peixoto que, <strong>na</strong> década de 1910, dirigiu o Departamento de Instrução Pública,<br />

não escondia o fato de que entendia o ensino elementar como uma atividade femini<strong>na</strong>:<br />

Diretor de instrução que fui, nunca considerei sem desdém os raros rapazes que se<br />

matriculavam <strong>na</strong>s escolas normais. São falidos, que antecipadamente capitularam<br />

diante da vida , num país em que as utilidades masculi<strong>na</strong>s oferecem compensações<br />

másculas. As mulheres que aspiram ao magistério são o escol do sexo (FÁVERO;<br />

BRITTO, 2002,p. 323)<br />

É muito interessante perceber a forma um tanto coesa pela qual a mulher era vista pela<br />

sociedade brasileira <strong>na</strong>s primeiras décadas do século passado. Verônica Ferreira (1995/1996),<br />

faz com que possamos perceber que mesmo para diferentes correntes do pensamento<br />

brasileiro, as representações acerca da mulher eram bastante parecidas. A doçura e a<br />

fragilidade femini<strong>na</strong>s eram atreladas à pouca aptidão que o “sexo frágil” teria para lidar com o<br />

“frio universo “ dos assuntos políticos, ao mesmo tempo em que eram reforçadas as aptidões<br />

para a maternidade e para a docência.<br />

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