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Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah

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A década de 1930 será palco de um acirramento sem igual <strong>na</strong>s disputas pela<br />

possibilidade de condução da organização do campo educacio<strong>na</strong>l. O ano de 1932 será<br />

emblemático, pois além da reforma organizada por Anísio Teixeira – à qual faremos menção<br />

posteriormente – haverá também a publicação do Manifesto dos Pioneiros da Educação<br />

Nova. Tendo à frente Fer<strong>na</strong>ndo de Azevedo e Anísio Teixeira e contando com sig<strong>na</strong>tários de<br />

vulto da vida intelectual brasileira, o Manifesto, foi publicado em vários jor<strong>na</strong>is em março<br />

daquele ano, tor<strong>na</strong>ndo público os debates educacio<strong>na</strong>is do período, cuja importância<br />

Fer<strong>na</strong>ndo de Azevedo ressalta já <strong>na</strong>s primeiras linhas do documento:<br />

Na hierarquia dos problemas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, nenhum sobreleva em importância e<br />

gravidade ao da educação. Nem mesmo os de caráter econômico lhe podem disputar<br />

a primazia nos planos de reconstrução <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. Pois, se a evolução orgânica do<br />

sistema cultural de um país depende de suas condições econômicas, é impossível<br />

desenvolver as forças econômicas ou de produção, sem o preparo intensivo das<br />

forças culturais e o desenvolvimento das aptidões à invenção e à iniciativa que são<br />

os fatores fundamentais do acréscimo de riqueza de uma sociedade (AZEVEDO,<br />

1932).<br />

Há uma vasta literatura a este respeito, que procura focalizar os aspectos<br />

“modernizadores” do <strong>Escola</strong> Nova, concentrando-se <strong>na</strong>s idéias de Anísio Teixeira e Fer<strong>na</strong>ndo<br />

de Azevedo, postas em uma relação de oposição ao apego a valores “tradicio<strong>na</strong>is” do grupo<br />

católico. Muitas destas obras se debruçam sobre a revista católica “A Ordem” e sobre figuras<br />

a ela ligadas, como Alceu Amoroso Lima. Nosso trabalho procura perceber, para além das<br />

questões mais comumente atreladas aos debates do período – quais sejam: laicização do<br />

ensino; ingerência do Estado <strong>na</strong> educação; pedagogia tradicio<strong>na</strong>l versus ensino ativo; e<br />

coeducação – 26 , a forma como nos anos em questão se norteará de maneira bastante clara o<br />

perfil daqueles – ou melhor daquelas – a quem cabe o magistério primário. A esta atividade<br />

se dedicarão primordialmente mulheres pertencentes principalmente à classe média – ou,<br />

como Dubar enfatiza, que tomem-<strong>na</strong> por grupo de referência.<br />

26 Em dissertação de Mestrado, defendida recentemente, Souza apoiando-se em estudos de Marta<br />

Carvalho, destaca que o embate promovido entre católicos e escolanovistas, se visto à luz da questão da<br />

formação de professores , aponta para o fato de que os dois grupos entendiam como tafera central, a<br />

normatização e orientação das práticas do professor, procurando promover uma mudança de mentalidade , que<br />

pudesse tor<strong>na</strong>r a escola um instrumento de organização <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

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