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Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah

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mesmo, em um texto de 1978 no qual a estrutura é entendida como “articulação, arquitetura, e<br />

mais ainda, uma realidade que o tempo tem dificuldade em desgastar e que ele veicula<br />

longamente”. 9<br />

O mesmo Lopes reproduz uma citação de François Dosse a respeito deste conceito,<br />

que julgamos traduzir de forma cabal, o modo como poderemos sustentar nossas reflexões:<br />

[...] em relação às outras durações, a longa duração beneficia-se de uma situação<br />

privilegiada. É ela que determi<strong>na</strong> o ritmo do acontecimento e da conjuntura; é ela<br />

que traça os limites da possibilidade e da impossibilidade, regulando as variáveis<br />

aquém de determi<strong>na</strong>do limite. Se o acontecimento pertence à margem, a conjuntura<br />

segue um movimento cíclico, e ape<strong>na</strong>s as estruturas de longa duração pertencem ao<br />

irreversível. Essa temporalidade de longo alento tem a vantagem de poder ser<br />

decomposta em séries de fenômenos que se repetem, de permanências que<br />

evidenciam equilíbrios, uma ordem geral subjacente à desordem aparente do<br />

domínio factual” (DOSSE apud LOPES, 1993).<br />

Por isso, quando apontamos alguns dos aspectos que estruturaram as primeiras<br />

relações entre poder e educação no Brasil, acreditamos que estamos indicando, também,<br />

aspectos que, sofreram poucas variações até os anos de 1960. Da mesma forma, tor<strong>na</strong>-se<br />

possível, ainda, observar as mutações operadas <strong>na</strong>s relações entre os professores e os poderes<br />

políticos constituídos, incidindo, sobre as configurações <strong>identitárias</strong> dos primeiros.<br />

Uma vez esclarecidas estas questões, seguiremos a “pista” lançada por Florestan<br />

Fer<strong>na</strong>ndes (1989), no texto “A formação política e o trabalho do professor”, e nos voltaremos<br />

aos primeiros anos de nossa colonização, tentando perceber os elementos constitutivos destas<br />

primeiras relações entre educação e poder. Como último cuidado, pensamos ser indispensável<br />

precisar a esfera da sociedade em que estaremos nos remetendo <strong>na</strong> procura de uma melhor<br />

compreensão destas relações.<br />

Fosse outra a nossa pesquisa, nós poderíamos, por exemplo, tentar compreender estas<br />

relações a partir da produção de livros didáticos, ou por meio de análises acerca da evolução<br />

da legislação educacio<strong>na</strong>l brasileira. Nossa pesquisa, entretanto, buscará indicar a<br />

estabelecimento de tipos identitários, de modelos socialmente significativos, que<br />

9 Apud LOPES, 2003, p.93.<br />

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