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Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah

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Assim, curiosamente neste contexto extremamente ambíguo, pois liberdade e<br />

controle são colocados em relação simbiótica, emergiram novas relações em torno da<br />

identidade para o professor primário. A identidade atribuída a estes docentes por nossas<br />

elites dirigentes, é perpassada claramente pela idéia de que eles deveriam voltar suas<br />

atividades para a manutenção da ordem no país, atuando junto às classes populares. Assim,<br />

podemos perceber que os professores estavam estabelecendo relações entre as identidades<br />

visadas por eles e as que lhes eram atribuídas.<br />

A imprensa do período não se furta a apresentá-los como detentores de uma missão e<br />

de um saber próprio. Um saber que toma conta do currículo das <strong>Escola</strong>s Normais, como a<br />

<strong>Escola</strong> <strong>Normal</strong> criada <strong>na</strong> Corte em 1880.<br />

2.5 NOVOS SABERES, UMA NOVA MISSÃO<br />

Nossa pesquisa passará a apontar indícios da relação entre atribuição e incorporação,<br />

que resultou em uma nova identidade, docentes oitocentistas. Para tanto usaremos, em grande<br />

parte o trabalho de Alessandra Frota de Schueler (2005). A autora faz uso de artigos<br />

publicados no jor<strong>na</strong>l Instrução Pública, e entende que por meio destes é possível perceber um<br />

processo de mutação <strong>na</strong> forma como o professor era apresentado àquela sociedade. Aos<br />

leitores daquele periódico, os professores passam a se apresentar como categoria profissio<strong>na</strong>l;<br />

reivindicando melhores condições de trabalho e a<strong>na</strong>lisando problemas sociais e<br />

educacio<strong>na</strong>is.Para Schueler :<br />

[...] os mestres das escolas primárias da Corte participaram ativamente no processo<br />

de constituição da profissão docente, fazendo-se professores por meio da discussão<br />

pública e da produção coletiva de identidades profissio<strong>na</strong>is, sempre provisórias,<br />

móveis e contraditórias que, porém, funcio<strong>na</strong>vam como instrumento de agregação<br />

em torno da configuração da idéia do magistério como uma missão de fundamental<br />

função social e pública (Schueler, 2005, p. 379).<br />

Os docentes passaram a ser pessoas que procuravam conhecer e fazer conhecer seu<br />

lugar <strong>na</strong> sociedade. Vejamos então alguns aspectos deste processo: Como já indicamos, as<br />

três décadas fi<strong>na</strong>is do século XIX foram as mais “movimentadas” no que tange a mudanças<br />

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