Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah
Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah
Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Inglaterra do século XX. Lembramos que para Dubar (1998) a atribuição de uma identidade<br />
ao indivíduo por parte das instituições e agentes que com ele interagem, requer que estes<br />
procurem criar categorias de legitimidade, sendo este, <strong>na</strong>s palavras do autor, o “desafio<br />
essencial neste processo”. Seria uma forma de garantir que os professores que se ajustassem<br />
ao projeto <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, <strong>na</strong> medida em que teria – ou ambicio<strong>na</strong>ria ter - as suas qualidades morais<br />
e sociais, as virtudes e capacidades reconhecidas e legitimadas política e socialmente.<br />
Na Europa, o controle do recrutamento daqueles que deveriam realizar atividades<br />
ligadas ao ensino privilegiou aqueles candidatos que se dispusessem a lecio<strong>na</strong>r em localidades<br />
que não aquelas em que <strong>na</strong>sceram. Assim, de certa forma, eles abando<strong>na</strong>vam uma parte de sua<br />
identidade, de suas raízes, para abraçar uma outra identidade, escorada <strong>na</strong> neutralidade<br />
adquirida pela condição de pertencimento a um corpo do Estado.<br />
Ser funcionário do Estado! Este ingresso no corpo estatal era simbolizado pela<br />
obtenção de uma licença – a partir de então obrigatória - para distinguir aqueles que estavam<br />
aptos a exercer o magistério. De acordo com Nóvoa (1991), esta licença foi um passo decisivo<br />
para o processo de profissio<strong>na</strong>lização docente, permitindo, simultaneamente uma progressiva<br />
autonomização do campo educacio<strong>na</strong>l. A partir de então, se constitui um verdadeiro suporte<br />
legal para o exercício da atividade docente por um grupo profissio<strong>na</strong>l cada vez mais definido<br />
e enquadrado, que permitiu a delimitação do campo social de ensino.<br />
Julgamos perceber que aqui, lentamente, configura-se um primeiro refino deste<br />
processo de construção da identidade docente. Na medida em que os professores passaram a<br />
realizar uma articulação entre atribuição e incorporação de identidades; correlacio<strong>na</strong>ndo a<br />
identidade atribuída pelo Estado às identidades assumidas e visadas por eles. Cremos que<br />
estas <strong>estratégias</strong> <strong>identitárias</strong> foram, em grande medida, matizadas pela questão da integração<br />
e da autonomização, que fariam com que a identidade do professor ficasse de certa forma em<br />
36