Somos Semeadores: estratégias identitárias na Escola Normal Sarah
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APRESENTAÇÃO<br />
Hei de vencer! Mesmo sendo Professor...<br />
Não me seqüestre! Sou professora!<br />
Começo a apresentação deste trabalho cujo objetivo principal é lançar um olhar sobre<br />
alguns aspectos da identidade docente, com as frases que me fizeram pela primeira vez pensar<br />
que ser professor não era algo “tão maravilhoso” quanto eu imagi<strong>na</strong>va. Acredito que isto<br />
tenha ocorrido no fim da década de 1980. Naquela época eu cursava pela manhã o que hoje<br />
chamamos de ensino médio e, à noite, freqüentava uma escola normal. A idéia inicial de<br />
minha família era que eu prestasse vestibular para uma faculdade como engenharia ou direito,<br />
e que “caso as coisas apertassem” eu pudesse manter meus estudos trabalhando como<br />
professora primária.<br />
Recordo-me que meu pai, à época, não cansava de repetir que se isto ocorresse, eu<br />
teria um emprego com uma carga horária curta e com um “bom ambiente” – o que para ele<br />
significava um ambiente sem a presença masculi<strong>na</strong>. O curioso é que estes comentários não me<br />
pareciam nem um pouco pejorativos, não me faziam pensar que, para os meus pais, ser<br />
professora primária pudesse ser um “quebra galho”. Minha mãe era professora primária e,<br />
paradoxalmente, ela procurava demonstrar no dia a dia um grande orgulho pelo trabalho que<br />
exercia. Aliás, trabalho não! Certa vez, quando eu já era professora, comentei algo<br />
relacio<strong>na</strong>do ao meu trabalho e ela refutou de forma incisiva que, durante todos os seus anos<br />
de professora, jamais tinha se referido a sua escola como um trabalho. Isto <strong>na</strong> época me<br />
chamou a atenção, pois parecia que eu havia, de certa forma, conspurcado a minha atividade.<br />
De qualquer forma, <strong>na</strong>quele período, eu já não preservava mais uma imagem tão<br />
positiva acerca do magistério. Como eu disse inicialmente, <strong>na</strong> primeira vez em que me<br />
deparei com os dizeres citados acima - acho que faziam parte de uma camiseta - eu me<br />
surpreendi. Achei <strong>na</strong> verdade uma piada de muito mau gosto. No ano seguinte, eu prestaria<br />
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