Linguagem e Comunicação no Jardim-de-Infância
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1.1 O percurso do aprendiz <strong>de</strong> falante<br />
Desenvolvimento<br />
da linguagem<br />
Descoberta <strong>de</strong> regras<br />
Sobregeneralização<br />
<strong>Linguagem</strong> e <strong>Comunicação</strong> <strong>no</strong> <strong>Jardim</strong>-<strong>de</strong>-<strong>Infância</strong><br />
O aprendiz <strong>de</strong> falante<br />
Quando falamos em <strong>de</strong>senvolvimento da linguagem,<br />
estamos a referir-<strong>no</strong>s às modificações quantitativas e qualitativas<br />
que têm lugar <strong>no</strong> processo do conhecimento linguístico<br />
por parte do falante. Des<strong>de</strong> o nascimento até à entrada <strong>no</strong><br />
jardim-<strong>de</strong>-infância, um longo percurso linguístico foi já percorrido<br />
pela criança, mas muito caminho há ainda por andar<br />
durante os três a<strong>no</strong>s que se seguem até à chegada ao 1.º ciclo<br />
da Educação Básica. O que está adquirido aos três a<strong>no</strong>s, o que<br />
vai ser adquirido até aos seis a<strong>no</strong>s, e como estimular esse processo,<br />
é o que procuraremos ilustrar em seguida.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento da linguagem processa-se holisticamente,<br />
o que significa que as diferentes componentes da<br />
linguagem (função, forma e significado) são apreendidas<br />
simultaneamente. À medida que preten<strong>de</strong> expressar significados<br />
mais complexos, a criança adquire formas mais elaboradas<br />
e usa funções da língua mais a<strong>de</strong>quadas ao contexto<br />
e aos propósitos pretendidos.<br />
Embora o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da linguagem se<br />
concretize holisticamente, é importante que o educador reconheça<br />
que vários domínios linguísticos são objecto <strong>de</strong> aquisição.<br />
É importante referir que, <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> aquisição da<br />
linguagem, a criança extrai as regras da língua da comunida<strong>de</strong><br />
on<strong>de</strong> está inserida e com elas constrói o seu próprio conhecimento.<br />
As regras dizem respeito a domínios específicos como a<br />
aquisição <strong>de</strong> regras fo<strong>no</strong>lógicas, <strong>de</strong> regras sintácticas, morfológicas<br />
e semânticas e <strong>de</strong> regras pragmáticas da língua.<br />
Retomemos o diálogo 2 e a expressão O Luís já fazeu o<br />
<strong>de</strong>senho. O erro cometido pela criança ao dizer fazeu <strong>de</strong>ve<br />
ser visto pelo educador como um indicador <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />
Nunca esta ou outra criança ouviu a forma fazeu; mas<br />
inúmeras vezes teve contacto com formas similares: beber/<br />
/bebeu, comer/comeu, ler/leu. Perante a frequência da regularida<strong>de</strong>,<br />
a criança extraiu uma regra e, ao ter que utilizar a<br />
acção passada (pretérito perfeito) do verbo fazer, utilizou a<br />
regra que conhecia e produziu fazeu. O mesmo fenóme<strong>no</strong> se<br />
constata nas produções infantis frequentemente ouvidas, e.g.,<br />
funiles, soles, cãos, em vez <strong>de</strong> funis, sóis e cães. A generalização<br />
abusiva, ou seja o uso <strong>de</strong> uma regra em presença <strong>de</strong><br />
uma excepção, <strong>de</strong><strong>no</strong>mina-se sobregeneralização e é muito<br />
comum durante esta fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da linguagem.<br />
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