Linguagem e Comunicação no Jardim-de-Infância
Linguagem e Comunicação no Jardim-de-Infância
Linguagem e Comunicação no Jardim-de-Infância
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
54<br />
<strong>Linguagem</strong> e <strong>Comunicação</strong> <strong>no</strong> <strong>Jardim</strong>-<strong>de</strong>-<strong>Infância</strong><br />
Brincar com a língua: <strong>de</strong>senvolver a consciência linguística<br />
Escrita inventada<br />
e consciência<br />
fo<strong>no</strong>lógica<br />
Orientações<br />
Curriculares para a<br />
Educação Pré-escolar<br />
a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> fonemas iniciais comuns em diferentes palavras,<br />
facilitam o processo <strong>de</strong> aprendizagem da leitura e escrita. No<br />
entanto, a consciência explícita <strong>de</strong> que as palavras po<strong>de</strong>m ser<br />
segmentadas em sequências <strong>de</strong> fonemas parece ser uma consequência<br />
do próprio processo <strong>de</strong> aprendizagem da leitura.<br />
Esta relação interactiva e recíproca po<strong>de</strong> ocorrer mesmo<br />
antes da entrada para a escola através das tentativas infantis<br />
<strong>de</strong> escrita, na medida em que as produções <strong>de</strong> escrita inventada<br />
favorecem o <strong>de</strong>senvolvimento da consciência fo<strong>no</strong>lógica. 25<br />
É frequente as crianças <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> pré-escolar efectuarem tentativas<br />
<strong>de</strong> escrita (escritas inventadas), sendo que a frequência<br />
<strong>de</strong> contacto com textos escritos e a qualida<strong>de</strong> dos contextos<br />
em que as crianças se movem e, em particular, as formas como<br />
os adultos (pais e educadores) se constituem como mediadores<br />
entre as crianças e a linguagem escrita, <strong>de</strong>terminam a forma<br />
como elas concebem o código escrito e a qualida<strong>de</strong> das suas<br />
escritas inventadas. Assim, encontramos crianças <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />
pré-escolar cujas produções escritas ainda não apresentam<br />
qualquer relação com o oral, outras proce<strong>de</strong>m a uma correspondência<br />
quantitativa entre o número <strong>de</strong> sílabas que<br />
<strong>de</strong>tectam nas palavras e o número <strong>de</strong> letras que usam para<br />
escrever uma palavra e outras ainda que começam já a mobilizar<br />
letras convencionais em função dos sons que i<strong>de</strong>ntificam<br />
nas palavras 26 .<br />
As tentativas infantis <strong>de</strong> escrita inventada permitem <strong>de</strong>senvolver<br />
competências <strong>de</strong> análise do oral, na medida que as activida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> escrita induzem práticas <strong>de</strong> reflexão linguística (ou<br />
seja, levam as crianças a analisarem as palavras para <strong>de</strong>cidirem<br />
quantas e quais as letras que, do seu ponto <strong>de</strong> vista, são<br />
a<strong>de</strong>quadas escrever), tendo consequências na apreensão dos<br />
segmentos orais das palavras. A relação entre as escritas<br />
inventadas e a consciência fo<strong>no</strong>lógica é, assim, <strong>de</strong> natureza<br />
interactiva: as competências infantis <strong>de</strong> análise do oral vão<br />
influenciar a abordagem analítica das palavras <strong>no</strong> <strong>de</strong>curso das<br />
tentativas <strong>de</strong> escrita das crianças e, por sua vez, o exercício <strong>de</strong><br />
tentar escrever conduz ao trei<strong>no</strong> <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> análise das<br />
palavras.<br />
As Orientações Curriculares recomendam a exploração por<br />
parte das crianças da estrutura so<strong>no</strong>ra das palavras, enquadrando-a<br />
num trabalho lúdico sobre a linguagem: “Esta aprendizagem<br />
baseia-se na exploração do carácter lúdico da<br />
25 Este ponto <strong>de</strong> vista é <strong>de</strong>fendido por autores como Adam (1998) e Treiman (1998).<br />
26 Conferir, a propósito, a brochura A <strong>de</strong>scoberta da escrita.