Linguagem e Comunicação no Jardim-de-Infância
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III Brincar com a língua: <strong>de</strong>senvolver<br />
a consciência linguística<br />
A educadora lê para os meni<strong>no</strong>s uma versão da história tradicional do Capuchinho Vermelho que<br />
inclui algumas rimas. Por exemplo, na passagem em que o lobo quer comer o Capuchinho Vermelho,<br />
a menina respon<strong>de</strong>-lhe: “Não me comas agora lobo mau. Não vês que estou tão magrinha como um<br />
pau”. Ao ouvir ler esta passagem as crianças repetem-na em coro, acontecendo o mesmo em<br />
outras passagens da história com rimas.<br />
Sensibilida<strong>de</strong><br />
à consciência<br />
dos sons<br />
SECÇÃO3<br />
Nesta <strong>de</strong>scrição po<strong>de</strong>mos ver as crianças a <strong>de</strong>monstrar particular<br />
prazer em ouvir e repetir palavras que rimam. Este tipo<br />
<strong>de</strong> comportamentos indicia os primórdios da sensibilida<strong>de</strong><br />
infantil à estrutura so<strong>no</strong>ra das palavras. Ao longo dos a<strong>no</strong>s pré-<br />
-escolares as crianças não só continuam a progredir do ponto<br />
<strong>de</strong> vista das aquisições sobre a sua língua materna como<br />
começam a <strong>de</strong>senvolver algumas intuições sobre a estrutura e<br />
o funcionamento da própria língua.<br />
As crianças em ida<strong>de</strong> pré-escolar conhecem e utilizam um<br />
vocabulário relativamente extenso <strong>de</strong> palavras. Compreen<strong>de</strong>m<br />
facilmente os significados <strong>de</strong> questões, or<strong>de</strong>ns e histórias. Processam<br />
igualmente <strong>de</strong> forma automática os segmentos da fala,<br />
o que, por exemplo, lhes permite distinguir e articular palavras<br />
que se distinguem entre si apenas por um som (por<br />
exemplo, pato e gato). No entanto, em situações <strong>de</strong> comunicação<br />
natural, as crianças centram-se, sobretudo, <strong>no</strong> significado<br />
dos enunciados, activando processos <strong>de</strong> análise automáticos e<br />
inconscientes necessários à percepção e compreensão do discurso,<br />
não tendo, <strong>no</strong> <strong>de</strong>correr dos mesmos, que aten<strong>de</strong>r, nem<br />
manipular dimensões estruturais da língua (segmentos fo<strong>no</strong>lógicos,<br />
estruturas sintácticas, etc.).<br />
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