Linguagem e Comunicação no Jardim-de-Infância
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<strong>Linguagem</strong> e <strong>Comunicação</strong> <strong>no</strong> <strong>Jardim</strong>-<strong>de</strong>-<strong>Infância</strong><br />
O aprendiz <strong>de</strong> falante<br />
acordo com as regras fo<strong>no</strong>lógicas da língua da criança, inicia-se<br />
o chamado período linguístico.<br />
Durante os a<strong>no</strong>s seguintes, a criança produz cada vez mais<br />
sons e articula <strong>de</strong> forma mais a<strong>de</strong>quada os padrões fónicos da<br />
sua língua materna. Por volta dos dois a<strong>no</strong>s, as produções fo<strong>no</strong>lógicas<br />
são razoavelmente inteligíveis pelo adulto e aos três<br />
a<strong>no</strong>s, embora muitos sons estejam ainda em processo <strong>de</strong> aquisição,<br />
a inteligibilida<strong>de</strong> do discurso é quase total; por volta dos<br />
cinco/seis a<strong>no</strong>s a criança atinge o nível e a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção<br />
fónica <strong>de</strong> um adulto.<br />
Na maioria das crianças, o conhecimento fo<strong>no</strong>lógico da<br />
língua materna está estabilizado à entrada para o 1.º ciclo. Até<br />
lá, enquanto esse conhecimento não estabiliza, as crianças utilizam<br />
processos <strong>de</strong> redução/omissão, <strong>de</strong>turpação, repetição,<br />
substituição e inserção <strong>de</strong> sons que <strong>de</strong>saparecem à medida que<br />
o controlo motor se instala. Constatações <strong>de</strong>stes processos<br />
po<strong>de</strong>m ser observados <strong>no</strong>s exemplos abaixo apresentados.<br />
Exemplos <strong>de</strong> produções com:<br />
• omissão <strong>de</strong> sílabas não acentuadas: péu (para chapéu), <strong>de</strong>te (para O<strong>de</strong>te);<br />
• omissão da consoante final: comê (para comer), só (para sol);<br />
• <strong>de</strong>turpação por assimilação regressiva: popo (para copo), fenfica (para Benfica), Sabastião<br />
(para Sebastião);<br />
• <strong>de</strong>turpação por assimilação progressiva: boba (para bola), papo (para pato);<br />
• redução <strong>de</strong> grupos consonânticos: baço (para braço); pego (para prego);<br />
• substituição: milo (para milho); dato (para gato); coua (para cola);<br />
• inserção <strong>de</strong> sons: carapinteiro (para carpinteiro); maramelo (para marmelo).<br />
O facto <strong>de</strong> as crianças omitirem, substituírem e <strong>de</strong>turparem<br />
alguns sons não significa que os não discriminem. O diálogo 4<br />
exemplifica o <strong>de</strong>sfasamento entre a discriminação e a produção<br />
<strong>de</strong> sons.<br />
• Diálogo 4: Mãe e Pedro (36 M)<br />
P: Este pato é meu.<br />
M: Qual pato? Não estou a ver pato nenhum.<br />
P: Eu não disse pato, disse pato.<br />
Obs.: a criança sabia que pato é diferente <strong>de</strong> prato, porém não conseguia produzir o grupo consonântico<br />
pr e reduzia-o ao som [p].