Linguagem e Comunicação no Jardim-de-Infância
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<strong>Linguagem</strong> e <strong>Comunicação</strong> <strong>no</strong> <strong>Jardim</strong>-<strong>de</strong>-<strong>Infância</strong><br />
Falar e ouvir falar para comunicar<br />
Em síntese:<br />
A comunicação é vital <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da criança, implicando a participação activa <strong>de</strong> ambos os<br />
interlocutores (criança e adulto) e requerendo oportunida<strong>de</strong>s comunicativas e a existência <strong>de</strong> múltiplas<br />
razões que levem ao <strong>de</strong>sejo e à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicar. A interacção verbal é o meio mais<br />
elaborado e privilegiado da interacção comunicativa. Através <strong>de</strong>la a criança adquire a língua materna<br />
e, simultaneamente, pensa simbolicamente e apren<strong>de</strong> sobre o real físico, social e afectivo.<br />
2.2 De aprendiz <strong>de</strong> falante a comunicador fluente<br />
• Diálogo 25: Educadora, João (3 A) e Mário (3 A)<br />
A educadora conversa em peque<strong>no</strong> grupo com as crianças sobre o fim-<strong>de</strong>-semana. Cada criança<br />
conta as suas <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>s e o que <strong>de</strong> mais significativo aconteceu. A educadora regista por escrito o<br />
que cada uma disse e aproveita o momento para fazer alguns comentários sobre o que as crianças<br />
contaram. Quando surgem dificulda<strong>de</strong>s por parte das crianças, questiona-as e <strong>de</strong>volve-lhes<br />
mo<strong>de</strong>los correctos.<br />
J: Fiz buacos <strong>no</strong> chão com o meu avô, assim (exemplifica gestualmente).<br />
E: Fizeste buracos na terra, puseste alguma coisa <strong>de</strong>ntro dos buracos?<br />
J: O avô abiu os buacos e eu pus lá <strong>de</strong>nto uma flor.<br />
M: Olha a minha avó também faz isso <strong>no</strong> jardim.<br />
E: Então estiveste a ajudar o avô a plantar flores <strong>no</strong> jardim. Depois <strong>de</strong> plantares as flores o que<br />
fez o avô?<br />
J: Tapou o buaco e pôs água.<br />
E: O avô tapou o buraco e regou as flores com um regador.<br />
J: Não sei o <strong>no</strong>me.<br />
E: Não sabes o <strong>no</strong>me <strong>de</strong> quê, das flores que plantaste com o avô?<br />
J: Não sei o <strong>no</strong>me das flores.<br />
Interacção verbal<br />
e aprendizagem<br />
Nesta <strong>de</strong>scrição, po<strong>de</strong>mos observar as crianças a <strong>de</strong>monstrarem<br />
particular interesse em partilhar momentos <strong>de</strong> conversa<br />
em peque<strong>no</strong>s grupos, falando <strong>de</strong> acontecimentos significativos<br />
ocorridos há algum tempo. A participação nesta activida<strong>de</strong><br />
exige-lhes competências comunicativas, quer em termos da<br />
compreensão das mensagens orais, quer em termos da<br />
expressão oral (cf. secção 1).<br />
Interagindo verbalmente, as crianças apren<strong>de</strong>m sobre o<br />
mundo físico, social e afectivo, ao mesmo tempo que adquirem<br />
e <strong>de</strong>senvolvem os vários domínios da língua (fo<strong>no</strong>lógico,<br />
semântico, sintáctico, pragmático). Porque os ambientes em<br />
que as crianças se encontram <strong>de</strong>sempenham um papel marcante<br />
na estimulação do <strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
comunicar, é fundamental a criação <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> elas<br />
possam <strong>de</strong>screver, discutir, formular hipóteses e sínteses sobre<br />
o real que experimentam.