TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...
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Em 1900, o Monsenhor Olympio Campos, ao <strong>de</strong>stacar a irregularida<strong>de</strong> do registro<br />
civil no que se refere aos nascimentos e óbitos, fez a seguinte afirmativa: “quanto aos óbitos,<br />
dá-se a irregularida<strong>de</strong> porque não [são] poucos cadáveres <strong>de</strong> pessoas que fallec<strong>em</strong> fora dos<br />
povoados ou são inhumados <strong>em</strong> c<strong>em</strong>itérios particulares, se pertec<strong>em</strong> a pessoas abastadas, ou<br />
nos mattos, ao pé <strong>de</strong> alguma cruz, se são pobres”. 292 Ao tratar dos atestados <strong>de</strong> óbitos,<br />
apontou outro probl<strong>em</strong>a: a falta <strong>de</strong> c<strong>em</strong>itérios suficientes para aten<strong>de</strong>r, principalmente a<br />
população mais carente. Assim, po<strong>de</strong>mos ressaltar que a participação capuchinha, ao<br />
organizar os consertos e as construções <strong>de</strong> c<strong>em</strong>itérios, foi importante para suprir essa<br />
<strong>de</strong>ficiência do po<strong>de</strong>r público. Embora seja constante a construção <strong>de</strong> c<strong>em</strong>itérios nas missões,<br />
ainda não era suficiente para aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s da população.<br />
Conforme visto na tabela acima, as obras comunitárias realizadas durante as<br />
missões não se restringiam a c<strong>em</strong>itérios. Em Lagarto/Se, no ano <strong>de</strong> 1893, Frei João<br />
Evangelista mencionou que a comunida<strong>de</strong> construiu um tanque, carregou pedra para a<br />
construção <strong>de</strong> um Hospital e doou 465$000 para esse fim. 293 O projeto <strong>de</strong>sse Hospital <strong>de</strong><br />
Carida<strong>de</strong> <strong>em</strong> Lagarto fora discutido pelo Presi<strong>de</strong>nte José Joaquim Ribeiro <strong>de</strong> Campos, <strong>em</strong><br />
1882. Para a realização <strong>de</strong>ssa obra foi criada uma comissão composta pelo Vigário João<br />
Baptista <strong>de</strong> Carvalho Daltro, capitão Miguel Archanjo do Nascimento e o cidadão Gevaldo<br />
José da Rocha. 294 A participação do missionário uma década <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>monstra a escassez <strong>de</strong><br />
recursos para a obra. Segundo Gervásio <strong>de</strong> Carvalho Prata, um dos integrantes da comissão<br />
responsável pela construção do hospital, João Batista <strong>de</strong> Carvalho Daltro, atuou como vigário<br />
<strong>de</strong> Lagarto durante 35 anos, <strong>de</strong> 1875 a 1910, quando faleceu. Em suas palavras o vigário<br />
[...] fundou o Hospital N. Sra. da Conceição, <strong>de</strong>u-lhe patrimônio e prédio<br />
que ficou sendo se<strong>de</strong>, mais a casa on<strong>de</strong> residia na Praça da Matriz, mais certa<br />
importância <strong>de</strong>positada na Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral. Des<strong>de</strong> então a<br />
ben<strong>em</strong>érita entida<strong>de</strong> v<strong>em</strong> prestando serviços aos pobres e t<strong>em</strong> merecido <strong>de</strong><br />
seus continuadores o mesmo zelo inicial <strong>de</strong> sua criação. O c<strong>em</strong>itério foi<br />
outro setor <strong>de</strong> suas preocupações, fazendo nele trabalhos e reforma que lhe<br />
<strong>de</strong>ram o bom aspecto que s<strong>em</strong>pre mostrou ter. Levantou capela lateral na<br />
Igreja Matriz. 295<br />
292 SERGIPE. Mensag<strong>em</strong> apresentada à Ass<strong>em</strong>bleia Legislativa <strong>de</strong> Sergipe na 1ª sessão da 5ª legislatura <strong>em</strong> 7 <strong>de</strong><br />
set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1900 pelo Presi<strong>de</strong>nte do Estado Monsenhor Olympio Campos. Aracaju. Typ. do “O Estado <strong>de</strong><br />
Sergipe”, 1900, p. 12.<br />
293 AHNSP – Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> M<strong>em</strong>órias <strong>de</strong> Frei João Evangelista <strong>de</strong> Monte Marciano, op. cit., p. 45.<br />
294 SERGIPE. Relatório com que o Exmo. Sr. 1º Vice-Presi<strong>de</strong>nte Dr. José Joaquim Ribeiro <strong>de</strong> Campos passou a<br />
administração <strong>de</strong>sta Província ao Exmo. Sr. Presi<strong>de</strong>nte Dr. José Pyres do Nascimento no dia 22 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1882.<br />
Aracaju. Typ. do Jornal <strong>de</strong> Sergipe. 1882, p.9-10.<br />
295 PRATA, Gervásio <strong>de</strong> Carvalho. “O Lagarto que eu vi”. Apud FONSECA, Adalberto. História <strong>de</strong> Lagarto.<br />
2002, p.87.<br />
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