TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...
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cavavam e carregavam barros <strong>em</strong> bangüês e convocava mais homens, e<br />
diziam: hoje tinham tantos e amanhã quer<strong>em</strong>os ver mais. 332<br />
No trecho acima o m<strong>em</strong>orialista <strong>de</strong>stacou a preocupação dos capuchinhos <strong>em</strong><br />
encontrar uma solução para amenizar o sofrimento causado pela seca a população <strong>de</strong> São<br />
Domingos/Se. O trabalho coletivo, coor<strong>de</strong>nado pelos capuchinhos, aconteceu na prática<br />
cotidiana da comunida<strong>de</strong> ao construír<strong>em</strong> um tanque para servir <strong>de</strong> reservatório tão importante<br />
para a comunida<strong>de</strong> a ponto <strong>de</strong> ser rel<strong>em</strong>brado pelo m<strong>em</strong>orialista. Esse fato não é<br />
exclusivida<strong>de</strong> da região mencionada, visto que, Adalberto Fonseca, <strong>em</strong> “História <strong>de</strong> Campo<br />
do Brito”, também mencionou a construção <strong>de</strong> um tanque <strong>em</strong> Campo do Brito/Se. Também<br />
nos ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> m<strong>em</strong>órias <strong>de</strong> frei João Evangelista, frei Caetano <strong>de</strong> San Leo, entre outros<br />
consta o registro da gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tanques, c<strong>em</strong>itérios, estradas, capelas entre outras.<br />
Humberto Santos Fonseca <strong>de</strong>screveu a participação dos missionários no mutirão <strong>de</strong> penitência<br />
e trabalho.<br />
Frei Inocêncio coor<strong>de</strong>nava os trabalhos, era mestre <strong>de</strong> obras, enquanto isso<br />
Frei Germano visitava as comunida<strong>de</strong>s. No último dia da missão o tanque<br />
estava pronto, cavado a braços <strong>de</strong> homens, seria bom se a maioria dos jovens<br />
visitasse aquela obra para ver quanto se trabalhou, e no sermão da noite os<br />
religiosos fizeram os agra<strong>de</strong>cimentos, primeiro a Deus, que <strong>de</strong>u força a<br />
todos, e <strong>de</strong>pois a toda a comunida<strong>de</strong>, todos foram para suas casas e na<br />
madrugada se ouvia a chuva caindo no telhado e pela manhã as pessoas<br />
foram se <strong>de</strong>spedir dos religiosos pisando na lama, logo pegaram suas<br />
bagagens e seguiram para Campo do Brito, montados <strong>em</strong> animais, ao<br />
passar<strong>em</strong> no tanque, banharam seus rostos e as mãos com aquela pouca água<br />
barrenta que apanhou durante a noite e seguiram, mas a chuva continuou e<br />
logo o tanque estava cheio que banhava a estrada, foi uma benção <strong>de</strong><br />
Deus! 333<br />
Para a população <strong>de</strong> São Domingos que sofria com a seca, a chegada dos<br />
missionários representava “uma benção <strong>de</strong> Deus”. Foi concomitante a construção do tanque<br />
que também viera à chuva. O tanque, enquanto reservatório <strong>de</strong> água aliviaria bastante o<br />
sofrimento daquela população que passara a associar à imag<strong>em</strong> do missionário aquela obra e<br />
principalmente, a chegada da chuva. Muitos faziam promessas para que a chuva acabasse com<br />
o sofrimento provocado pela seca, a ex<strong>em</strong>plo, do personag<strong>em</strong> João Piancó, velho fazen<strong>de</strong>iro,<br />
que residia na Urubutinga. Preparou uma festa para o pagamento da promessa <strong>em</strong><br />
332 FONSECA, Humberto Santos. Curiosida<strong>de</strong> do nosso povo: São Domingos até 1999. Gráfica e Editora Royal.<br />
1999, p. 113.<br />
333 I<strong>de</strong>m, p. 113-114.<br />
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