TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...
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Passos Subrinho analisou os meios coercitivos utilizados pelo Estado e, apenas<br />
apontou o plano do Presi<strong>de</strong>nte da Provícia, Manuel da Cunha Galvão (1860), <strong>em</strong> utilizar das<br />
pregações religiosas para persuadir os homens livres ao trabalho. Verificamos que a Igreja<br />
Católica, naquele período, possuía uma postura <strong>de</strong> crítica à ociosida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> valorização do<br />
trabalho. Entretanto, não havia párocos suficientes para aten<strong>de</strong>r as populações mais distantes<br />
das paróquias. Qual medida a Igreja teria adotado para auxiliar os párocos nessa tarefa? Uma<br />
das saídas encontradas foi a realização das missões itinerantes. Em nome <strong>de</strong> Cristo, os<br />
capuchinhos expandiam os ensinamentos do catolicismo e seguiam os preceitos da Regra <strong>de</strong><br />
São Francisco, que compreendia o trabalho como instrumento <strong>de</strong> salvação.<br />
As questões analisadas nesta pesquisa foram: o capuchinho João Evangelista e<br />
companheiros <strong>de</strong> missão contribuíram nesse processo <strong>de</strong> “reor<strong>de</strong>namento do trabalho” <strong>em</strong><br />
Sergipe, durante os anos <strong>de</strong> 1874 a 1901? As “práticas” e “prédicas” dos capuchinhos, nesse<br />
contexto <strong>de</strong> conflito entre autorida<strong>de</strong>s e a população pobre e livre, teriam influenciado na<br />
forma como essa população passaria a compreen<strong>de</strong>r o trabalho? Partimos da hipótese <strong>de</strong> que a<br />
Igreja Católica, aqui representada pela Or<strong>de</strong>m Capuchinha, além <strong>de</strong> realizar a sua função<br />
espiritual, também auxiliava o Estado nos anseios civilizatórios. Em missões itinerantes, os<br />
capuchinhos, através da importância dada ao trabalho expiatório, coor<strong>de</strong>naram mutirões<br />
responsáveis pela construção <strong>de</strong> obras a ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong> tanques, c<strong>em</strong>itérios e hospitais que<br />
proporcionaram mudanças significativas nas comunida<strong>de</strong>s sergipanas. Suas prédicas e<br />
práticas também foram importantes ao transmitir<strong>em</strong> um valor positivo ao trabalho como<br />
instrumento <strong>de</strong> salvação que também dignificava o hom<strong>em</strong>.<br />
Para compreen<strong>de</strong>r essa questão utilizamos uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fontes primárias,<br />
que dividimos <strong>em</strong> três grupos. O primeiro reúne a documentação <strong>de</strong>ixada pelos próprios<br />
missionários capuchinhos, encontrada no AHNSP. Dentro da varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas fontes,<br />
optamos por utilizar os Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> M<strong>em</strong>órias do frei João Evangelista e do frei Caetano <strong>de</strong><br />
San Leo, o Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Sermões do frei Caetano <strong>de</strong> San Leo, o Livro <strong>de</strong> Registros das<br />
Missões e Retiros (1712-1980) e o Livro Cântico para as Missões. O segundo reúne os<br />
Relatórios dos Presi<strong>de</strong>ntes da Província <strong>de</strong> Sergipe <strong>de</strong> 1860 a 1901, a Carta Pastoral <strong>de</strong> D.<br />
Romualdo Antônio <strong>de</strong> Seixas e o artigo do Padre Lino Reginaldo Alvim, O amor ao trabalho:<br />
sua necessida<strong>de</strong> e vantagens. O terceiro grupo abrange a visão das comunida<strong>de</strong>s sobre as<br />
missões, a partir dos m<strong>em</strong>orialistas Adalberto Fonseca, Gilberto Amado, Humberto Santos<br />
Fonseca e José Gilson dos Santos.<br />
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