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TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

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adjetivos usados pelo missionário também fazia parte dos Relatórios dos Presi<strong>de</strong>ntes, como<br />

vimos no segundo capítulo <strong>de</strong>ste trabalho, a ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> “ociosos” e “indolentes”. Seriam os<br />

habitantes <strong>de</strong>ssa Província realmente preguiçosos? Ou teriam eles outra noção do trabalho,<br />

que não atendia as expectativas da Nação <strong>em</strong> construção? As respostas para tais questões<br />

passam pela constatação <strong>de</strong> que a atuação capuchinha contribuiu para o i<strong>de</strong>ário <strong>de</strong> valorização<br />

do trabalho <strong>de</strong>sejado pelas autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Sergipe. Nosso objetivo é i<strong>de</strong>ntificar a contribuição<br />

dos capuchinhos como mais um instrumento utilizado pelas autorida<strong>de</strong>s nessa “cruzada<br />

civilizatória” no Sergipe oitocentista, principalmente, no tocante a conquista <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra.<br />

3.2.“O Christianismo, he por certo um gran<strong>de</strong> incentivo para o trabalho”<br />

[...] O trabalho é fora <strong>de</strong> duvida, a fonte da riqueza, e a cauza <strong>de</strong> todo<br />

melhoramento e progresso material, e intellectual, [...] He ao trabalho, que<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os a nossa civilisação, [...] o Christianismo, [...] he por certo um<br />

gran<strong>de</strong> auxilliador da sciencia econômica, e um gran<strong>de</strong> incentivo para o<br />

trabalho, [...] Feliz a socieda<strong>de</strong>, [...] que todos procurar<strong>em</strong> fruir <strong>em</strong> paz o<br />

fructo <strong>de</strong> seo trabalho. 298<br />

O trecho acima fora retirado do artigo O amor ao trabalho: sua necessida<strong>de</strong> e<br />

vantagens do Padre Lino Reginaldo Alvim, publicado no jornal O Correio Sergipense, <strong>de</strong> 17<br />

<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1852, dois anos após a proibição do tráfico negreiro. A autorida<strong>de</strong> eclesiástica<br />

apresentou o Cristianismo como gran<strong>de</strong> incentivador do trabalho, enfatizando-o como fonte<br />

<strong>de</strong> riqueza e prosperida<strong>de</strong>, através do qual uma socieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> tornar-se “civilizada”.<br />

Nessa perspectiva, verifica-se que, <strong>em</strong> 1860, o Presi<strong>de</strong>nte Manuel da Cunha<br />

Galvão apontou como principal causa para a carestia dos alimentos na Província <strong>de</strong> Sergipe:<br />

“o ócio e a indolência á que se entregavão muitos habitantes, que <strong>em</strong> lugar <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> outros<br />

tantos productores, erão apenas consumidores, <strong>de</strong>via forçosamente procurar extirpar este<br />

mal e procurar <strong>de</strong>senvolver o amor ao trabalho” [grifo nosso]. 299 Para imbuir na população<br />

“o amor ao trabalho” utilizou-se <strong>de</strong> algumas estratégias por ele mencionadas <strong>em</strong> seu relatório.<br />

Veja que primeiramente apelou à força da lei humana:<br />

298 BPED – O Correio Sergipense, Aracaju, 17<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1852, p. 3-4.<br />

299 SERGIPE. Relatório do Presi<strong>de</strong>nte da Província, Manoel da Cunha Galvão, 1860, op. cit., p. 7.<br />

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