TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...
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Gradativamente o colonizador se impõe sobre os nativos que dominavam entre o<br />
Rio Real e o Rio São Francisco. As sesmarias dão lugar aos territórios indígenas e vão sendo<br />
ocupadas pelos currais <strong>de</strong> gado e plantações dos brancos. Para organizar essa população<br />
nativa e evitar que eles prejudicass<strong>em</strong> a colonização foram utilizadas as missões <strong>de</strong><br />
al<strong>de</strong>amentos. Segundo Dantas,<br />
[...] missões ambulantes realizadas pelos jesuítas entre os índios <strong>de</strong> Sergipe<br />
no final do século XVI são gradativamente substituídas pelas missões<br />
al<strong>de</strong>amentos. Na primeira modalida<strong>de</strong>, os padres circulavam pelas al<strong>de</strong>ias<br />
pregando a religião cristã a uma população indígena que ainda conservava<br />
suas formas próprias <strong>de</strong> organização e cultura. Na segunda, os padres se<br />
fixavam entre os índios muitas vezes expulsos dos territórios que outrora<br />
ocupavam ou <strong>de</strong>sgarrados das suas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> que, ajuntados<br />
com outros <strong>de</strong> etnias diversas, são submetidos à nova or<strong>de</strong>m. As missões<br />
al<strong>de</strong>amentos se expan<strong>de</strong>m à medida que a colonização avança. 171<br />
Nas primeiras décadas do século XIX, havia índios dispersos <strong>em</strong> vários locais da<br />
Província <strong>de</strong> Sergipe, principalmente, nos al<strong>de</strong>amentos oficialmente reconhecidos e<br />
administrados por missionários, a ex<strong>em</strong>plo das seguintes al<strong>de</strong>ias.<br />
Al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Água Azeda, Missão <strong>de</strong> Nossa Senhora do Carmo <strong>de</strong> Japaratuba,<br />
Missão <strong>de</strong> São Felix <strong>de</strong> Pacatuba, Missão <strong>de</strong> São Pedro <strong>de</strong> Porto da Folha e<br />
Vila do Tomar do Geru. Com exceção <strong>de</strong> Água Azeda, al<strong>de</strong>ia localizada a<br />
cinco léguas <strong>de</strong> São Cristóvão, a antiga capital, as <strong>de</strong>mais aglomerações<br />
indígenas eram resultantes <strong>de</strong> missões. Ainda na segunda meta<strong>de</strong> do XVIII,<br />
Geru foi elevada à condição <strong>de</strong> Vila <strong>de</strong> índios, após a expulsão dos jesuítas,<br />
seus fundadores. As <strong>de</strong>mais permaneceram como missões dos carmelitas<br />
(Japaratuba) e dos capuchinhos (São Pedro e Pacatuba) que, ao longo do<br />
século, vão per<strong>de</strong>ndo o controle sobre essas al<strong>de</strong>ias. 172<br />
Durante o século XIX, a população indígena praticava principalmente a<br />
agricultura <strong>de</strong> subsistência e a pesca. A caça e a coleta são ativida<strong>de</strong>s pouco referidas na<br />
documentação, o que Dantas apontou como sendo ativida<strong>de</strong>s negligenciadas, talvez porque na<br />
ótica dos brancos não foss<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>radas como ocupações. Nos al<strong>de</strong>amentos, os índios<br />
também apren<strong>de</strong>ram com os missionários vários ofícios, como sapateiros, alfaiates, ferreiros,<br />
carpinteiros, carpinas, serradores, pedreiros <strong>de</strong>ntre outros. As mulheres indígenas fabricavam<br />
a cerâmica, grosseiros panos <strong>de</strong> algodão, trançados <strong>de</strong> palha e <strong>de</strong>senvolviam seus trabalhos <strong>de</strong><br />
roça e ativida<strong>de</strong>s domésticas. Os índios também eram tangedores <strong>de</strong> gado, trabalhadores nas<br />
171 <strong>DA</strong>NTAS, op. cit., 40.<br />
172 I<strong>de</strong>m, p. 45.<br />
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