TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...
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2.1. Do Gado à Cana-<strong>de</strong>-açúcar<br />
Lagarto, Geru, Riachuelo, Itabaiana, Capela, Santo Amaro, Divina Pastora,<br />
Riachão, Nossa Senhora das Dores, Campo do Brito, Laranjeiras, Boquim, Itaporanga,<br />
Japaratuba, Propriá, Malhador, Vila Cristina, Pacatuba, Vila <strong>de</strong> São Paulo, Pedra Mole, Siriri,<br />
Campos foram palcos das missões <strong>de</strong> frei João Evangelista como vimos no primeiro capítulo.<br />
Frei João Evangelista missionou por todo o Estado, inclusive, nos locais centros produtores da<br />
cana-<strong>de</strong>-açúcar, a ex<strong>em</strong>plo da missão <strong>de</strong> Itaporanga narrada anteriormente. Segundo Josué<br />
Mo<strong>de</strong>sto dos Passos Subrinho, economista que estudou a transição do trabalho escravo para o<br />
trabalho livre <strong>em</strong> Sergipe, foi a partir da década <strong>de</strong> 1870, que a preocupação da elite sergipana<br />
sobre essa questão aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente, visto que, com a gradativa diminuição do<br />
el<strong>em</strong>ento servil na lavoura da cana-<strong>de</strong>-açúcar, principal produto <strong>de</strong> exportação, os senhores <strong>de</strong><br />
engenho almejavam “transformar” a população livre e pobre <strong>em</strong> “braços para a lavoura”.<br />
Sendo assim, utilizando-se <strong>de</strong>ssa tese, <strong>de</strong> outras bibliografias sobre o Sergipe da época, dos<br />
relatórios dos administradores da Província/Estado, nosso objetivo, nesse segundo capítulo, é<br />
compreen<strong>de</strong>r que Sergipe fora palco das missões <strong>de</strong> frei João Evangelista entre 1874 e 1901.<br />
Esta capitania fica no distrito da Bahia <strong>de</strong> Todos os Santos, e pelos<br />
moradores <strong>de</strong>la foi conquistada e povoada, está <strong>em</strong> onze graus da banda Sul,<br />
e a terra é muito fértil, e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s várzeas, pelo que há nela muitas criações<br />
<strong>de</strong> vacas, <strong>de</strong> éguas, muitas mandiocas, e pescarias e po<strong>de</strong>m-se fazer muitos<br />
engenhos pois que até agora não há mais que dois começados. 159<br />
Esse trecho, da historiadora sergipana Maria Thetis Nunes, faz uma boa <strong>de</strong>scrição<br />
da situação da economia sergipana do século XVII à primeira meta<strong>de</strong> do século XVIII,<br />
baseada na pecuária e na agricultura <strong>de</strong> subsistência. Conforme Passos Subrinho, essa<br />
situação mudou a partir da segunda meta<strong>de</strong> do século XVIII, quando essa capitania <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong><br />
ser apenas uma área subsidiária, fornecedora <strong>de</strong> alimentos e <strong>de</strong> animais para o Recôncavo<br />
baiano, convertendo-se numa área <strong>de</strong> expansão da agro-indústria açucareira baiana. 160<br />
Maria da Glória Santana <strong>de</strong> Almeida, ao pesquisar as ativida<strong>de</strong>s produtivas <strong>em</strong><br />
Sergipe, <strong>de</strong>monstrou que nos séculos XVII e XVIII a criação <strong>de</strong> gado, o cultivo do algodão,<br />
159<br />
NUNES, Maria Thetis. Sergipe Colonial I. Aracaju: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Sergipe; Rio <strong>de</strong> Janeiro: T<strong>em</strong>po<br />
Brasileiro, 1989, p.117-118.<br />
160<br />
PASSOS SUBRINHO, Josué Mo<strong>de</strong>sto dos. Reor<strong>de</strong>namento do trabalho: trabalho escravo e trabalho livre no<br />
nor<strong>de</strong>ste açucareiro, Sergipe (1850-1930). Aracaju/SE: Funcaju, 2000, p.54.<br />
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