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TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

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população livre ao mercado <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>vido à crise no abastecimento <strong>de</strong> alimentos, pela<br />

qual a Província estava passando. 237<br />

Nesse relatório o Presi<strong>de</strong>nte Manoel da Cunha Galvão <strong>de</strong>stacou que a principal<br />

causa da crise no abastecimento <strong>de</strong> alimentos na Província estava numa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> braços<br />

inertes que não se entregavam ao trabalho. Para combater a ociosida<strong>de</strong> pediu aos <strong>de</strong>putados<br />

que <strong>em</strong>pregasse todos os esforços “para <strong>de</strong>senvolver o amor ao trabalho à essa porção inútil<br />

da população, e ficai certos que farei fielmente executar quaisquer medidas que neste intuito<br />

vossa ilustração e patriotismo houver <strong>de</strong> adotar”. 238<br />

Vale ressaltar que a produção da cana-<strong>de</strong>-açúcar, diferente do nor<strong>de</strong>ste brasileiro,<br />

atingiu seu apogeu <strong>em</strong> Sergipe durante o século XIX, <strong>em</strong> meio às dificulda<strong>de</strong>s já mencionadas<br />

e, principalmente, à escassez <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. Para amenizar esse probl<strong>em</strong>a, as autorida<strong>de</strong>s e<br />

os senhores do açúcar almejavam mo<strong>de</strong>rnizar o processo, com a importação <strong>de</strong> máquinas e<br />

técnicas que aumentass<strong>em</strong> a produtivida<strong>de</strong> e, <strong>em</strong> consequência, reduzisse a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

mão-<strong>de</strong>-obra. Mas esbarravam, muitas vezes, na falta <strong>de</strong> recursos. Em Almeida, po<strong>de</strong>mos<br />

observar um ex<strong>em</strong>plo nesse sentido: o projeto <strong>de</strong> substituição dos engenhos banguês, por<br />

Engenhos Centrais. Esse projeto não alcançou o êxito <strong>de</strong>sejado, mas foi suficiente para a<br />

criação <strong>de</strong> pelo menos um Engenho Central, o <strong>de</strong> Riachuelo, criado com capitais externos,<br />

máquinas mo<strong>de</strong>rnas e <strong>em</strong>prego do trabalho livre. 239<br />

Diferent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> Almeida, Passos Subrinho i<strong>de</strong>ntificou uma tendência<br />

mo<strong>de</strong>rnizante nos engenhos sergipanos, visto que nos primeiros anos da década <strong>de</strong> 1850,<br />

houve um crescimento dos engenhos, que passaram <strong>de</strong> 445, <strong>em</strong> 1838 para 769, <strong>em</strong> 1858, ou<br />

seja, <strong>em</strong> vinte anos foram construídos 324 novos engenhos <strong>em</strong> Sergipe. Nas últimas décadas<br />

do século XIX, também aumentaram os engenhos movidos a vapor, que passaram <strong>de</strong> 22,5%,<br />

<strong>em</strong> 1881, para 47,8%, <strong>em</strong> 1903. Ocorria ainda, <strong>em</strong> todo o Nor<strong>de</strong>ste açucareiro, um esforço<br />

para introdução <strong>de</strong> novas técnicas <strong>de</strong> produção, com os engenhos centrais e as usinas. Em<br />

237<br />

PASSOS SUBRINHO, op. cit., p. 176-177 e 186. Conforme Passos Subrinho “na década <strong>de</strong> 1860, há um<br />

aparente mutismo sobre a questão, nos documentos pesquisados, reaparecendo, com gran<strong>de</strong> ênfase, na década<br />

seguinte.” Destacou que <strong>em</strong> 1874, as Câmaras Municipais ao informar<strong>em</strong> o estado da agricultura local, “algumas<br />

<strong>de</strong>las [Maroim, Capela, Santa Luzia] enumeraram, entre as medidas necessárias para o progresso da agricultura,<br />

leis repressoras da ociosida<strong>de</strong> da população livre.” p.186-187. Em nossa documentação também não<br />

encontramos uma ênfase da questão nessa década, foi a partir da década <strong>de</strong> 1870, que os capuchinhos passaram a<br />

atuar com mais frequência <strong>em</strong> Sergipe.<br />

238<br />

SERGIPE. Relatório com que foi aberta a 2ª sessão da duodécima Legislatura da Ass<strong>em</strong>bleia Provincial <strong>de</strong><br />

Sergipe no dia 27 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1859, pelo Presi<strong>de</strong>nte Dr. Manoel da Cunha Galvão. Bahia: Typ. <strong>de</strong> Carlos<br />

Poggetti, 1859, p.27.<br />

239<br />

ALMEI<strong>DA</strong>, op. cit., p. 87-90.<br />

88

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