TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...
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cotidiana, a ex<strong>em</strong>plo da maneira <strong>de</strong> trabalhar. Nesse sentido, a relevante participação dos<br />
capuchinhos <strong>em</strong> Sergipe, nos faz compreen<strong>de</strong>r que como mediadores culturais serviram<br />
primeiramente como porta-vozes da Igreja Católica expandindo o catolicismo doutrinal para<br />
os distantes pontos da Província/Estado, na maioria das vezes carentes <strong>de</strong> párocos. Num<br />
período <strong>em</strong> que a Igreja estava preocupada com a reforma do clero e da população, as suas<br />
ações foram importantes na implantação do catolicismo romanizador. Além <strong>de</strong> levar os<br />
sacramentos para diversas localida<strong>de</strong>s também combateram os diversos males consi<strong>de</strong>rados<br />
pela Igreja Católica da época, a ex<strong>em</strong>plo do protestantismo, dos jogos e das bebe<strong>de</strong>iras.<br />
Em seguida, também contribuíram com as autorida<strong>de</strong>s político-administrativas à<br />
medida que foram responsáveis pela construção <strong>de</strong> obras importantes para a “civilização” tão<br />
almejada. A Or<strong>de</strong>m Capuchinha consi<strong>de</strong>ra o trabalho como instrumento <strong>de</strong> fundamental<br />
importância para a salvação da alma. No entanto, consi<strong>de</strong>ramos que o trabalho expiatório<br />
realizado durante as missões serviu para além <strong>de</strong>sse objetivo. Os capuchinhos <strong>em</strong> suas<br />
prédicas ajudaram a incutir na população um “novo i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> trabalho” como essencial para se<br />
alcançar o último fim do hom<strong>em</strong>. Mas na prática a ênfase positiva dada ao trabalho pelos<br />
capuchinhos no período <strong>em</strong> que o conceito <strong>de</strong> trabalho precisava ganhar novo significado<br />
contribuiu com a nova roupag<strong>em</strong> que valorizava o trabalho. Nesse sentido, a atuação <strong>de</strong> frei<br />
João Evangelista e <strong>de</strong>mais missionários <strong>em</strong> Sergipe auxiliaram as autorida<strong>de</strong>s na conquista <strong>de</strong><br />
braços para a lavoura à medida que pregava a importância do trabalho e organizavam os<br />
mutirões para a construção <strong>de</strong> tanques, c<strong>em</strong>itérios e <strong>de</strong>mais obras comunitárias.<br />
No entanto, vimos que a valorização do trabalho não se restringia aos<br />
capuchinhos. Autorida<strong>de</strong>s eclesiásticas, a ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> D. Romualdo Antônio <strong>de</strong> Seixas,<br />
arcebispo da Bahia e o padre Lino Reginaldo Alvim também enfatizaram a importância <strong>de</strong> se<br />
implantar na socieda<strong>de</strong> sergipana o “amor ao trabalho”. O Papa Leão XIII, <strong>em</strong> 1891, escreveu<br />
a Carta Encíclica Rerum Novarum sobre as condições do operário. Embora essa Encíclica<br />
tenha como objetivo legitimar oficialmente a nova postura da Igreja diante do trabalho,<br />
especialmente, nas fábricas, serve como indício do interesse da Igreja Católica <strong>em</strong> intervir nas<br />
questões sociais, principalmente, no tocante as questões referentes ao trabalho.<br />
No entanto, para as pessoas das comunida<strong>de</strong>s palcos das missões itinerantes, as<br />
práticas dos capuchinhos “representavam” muito mais do que a Igreja como instituição e o<br />
Estado <strong>de</strong>sejavam. A missão era também uma saída para resolver alguns probl<strong>em</strong>as<br />
enfrentados pela população que sofria com a falta <strong>de</strong> párocos, <strong>de</strong> c<strong>em</strong>itérios para enterrar seus<br />
entes queridos, falta <strong>de</strong> água para saciar a se<strong>de</strong> das pessoas e dos animais que restaram com<br />
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