TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...
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dizer que as tortuosas e <strong>de</strong>siguaes estradas <strong>de</strong> Sergipe são feitas pelo calcar dos pés dos<br />
homens, e das patas dos animaes”. 207 Essas dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte não atrapalhavam<br />
apenas o escoamento da produção, mas a própria locomoção das pessoas, que muitas vezes<br />
percorriam longas distâncias montadas <strong>em</strong> cavalos ou <strong>em</strong> carroças e carros puxados a bois,<br />
pernoitando <strong>em</strong> casas <strong>de</strong> amigos ou pousadas. Essa dificulda<strong>de</strong> também fazia parte do<br />
cotidiano dos missionários capuchinhos, <strong>em</strong> suas idas e vindas entre o Hospício da Pieda<strong>de</strong><br />
<strong>em</strong> Salvador e as diversas comunida<strong>de</strong>s da Bahia e <strong>de</strong> Sergipe por eles visitadas.<br />
Edilberto Campos, <strong>em</strong> crônicas, <strong>de</strong>screveu a difícil realida<strong>de</strong> <strong>em</strong> que se<br />
<strong>de</strong>paravam as pessoas ao locomover<strong>em</strong>-se das vilas e cida<strong>de</strong>s com <strong>de</strong>stino a Aracaju.<br />
Por volta <strong>de</strong> 1900, algumas vezes viajei entre Aracaju e Lagarto, a cavalo,<br />
passando por Itaporanga, ou vice-versa. Partindo da capital, atravessando o<br />
Vaza-Barris pela ponte da Vila, [...], subia-se a passo a La<strong>de</strong>ira do Costa,<br />
forrada <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s pedras <strong>de</strong> acesso difícil. Lá no alto, trotava-se para o<br />
Sapé, um povoado constante naquele t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> poucas chácaras e sítios, com<br />
a venda do Sr. Corrêa, que toda gente conhecia e on<strong>de</strong> se comprava boa jabá,<br />
carne-<strong>de</strong>-sol, bacalhau e muita coisa mais, e que algumas vezes nos serviu <strong>de</strong><br />
pousada para o almoço. [...]. 208<br />
Somado a precarieda<strong>de</strong> das estradas <strong>de</strong> rodagens, muitas <strong>de</strong>las abertas e limpas<br />
através do trabalho organizado pelos capuchinhos <strong>em</strong> missões, as autorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stacaram a<br />
situação precária dos prédios públicos, inclusive das ca<strong>de</strong>ias e casa <strong>de</strong> prisão da capital.<br />
2.3.3. A Casa <strong>de</strong> Prisão com Trabalho e Ca<strong>de</strong>ias<br />
Imaginai 134 homens amontoados, respirando um ar pútrido, quasi<br />
confundidos s<strong>em</strong> distincção, conforme a pena e o <strong>de</strong>licto, s<strong>em</strong> obe<strong>de</strong>cer<strong>em</strong> à<br />
um regimen, s<strong>em</strong> uma occupação aproveitável, s<strong>em</strong> uma palavra <strong>de</strong> conforto,<br />
s<strong>em</strong> um estimulo para o arrependimento <strong>de</strong> seus crimes e resolução <strong>de</strong> entrar<br />
no caminho da vida honrada, quando, porventura, tenham <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar aquella<br />
morada, e tereis feito uma i<strong>de</strong>ia do quanto é lamentável a situação d‟aquelle<br />
estabelecimento, <strong>em</strong> que se consome não pequena parte das rendas<br />
provinciais. 209<br />
207<br />
SERGIPE. Relatório do 1º Vice-Presi<strong>de</strong>nte da Província, Dr. José Martins Fontes, 1877, op. cit., p. 50.<br />
208<br />
CAMPOS, Edilberto. Crônicas da Passag<strong>em</strong> do Século. Apud FONSECA, Adalberto. História <strong>de</strong> Lagarto.<br />
Aracaju, Se, 2002, p. 115. Nesse livro Fonseca transcreveu das páginas 104 a 122 algumas crônicas <strong>de</strong> Campos.<br />
209<br />
SERGIPE. Relatório do Presi<strong>de</strong>nte Antonio dos Passos Miranda, 1874, op. cit., p. 6-7. A Casa <strong>de</strong> Prisão da<br />
Capital, <strong>de</strong> acordo com o regulamento <strong>de</strong> 5/10/1872, convertera-se <strong>em</strong> Casa <strong>de</strong> Prisão com Trabalho.<br />
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