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TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

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princípios religiosos, criticou a precarieda<strong>de</strong> dos serviços oferecidos pelos párocos <strong>em</strong> toda a<br />

Província, ao mencionar que <strong>em</strong> Sergipe a “cathechese, pois, não se dá entre nós; aos<br />

parochos corre o <strong>de</strong>ver da pratica e ensino da doutrina christã e do Evangelho. E a <strong>de</strong>speza<br />

feita com este serviço, que serviço não há, b<strong>em</strong> d[p]odia ter outra applicação, como a <strong>de</strong><br />

viação, tão necessária e do maior proveito”. 179 Essa contradição apontada no relatório <strong>de</strong> 1877<br />

mostra a precarieda<strong>de</strong> dos serviços prestados pela Igreja Católica na Província <strong>de</strong> Sergipe. Em<br />

contrapartida, a reclamação feita pela autorida<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>ncia também a importância dada a esse<br />

serviço que não estava sendo feito como gostaria a autorida<strong>de</strong>, por isso a vinda constante dos<br />

missionários a partir <strong>de</strong> 1874 po<strong>de</strong> significar a tentativa <strong>de</strong>ssas autorida<strong>de</strong>s <strong>em</strong> suprir uma<br />

necessida<strong>de</strong> que os párocos não conseguiam, visto que para ele a população <strong>de</strong>veria estar<br />

instruída <strong>de</strong> acordo com os preceitos católicos.<br />

O índio, agora mestiço do ponto <strong>de</strong> vista oficial, e o branco europeu não foram os<br />

únicos a compor<strong>em</strong> a socieda<strong>de</strong> sergipana, visto que boa parcela da população era <strong>de</strong> orig<strong>em</strong><br />

africana e boa parte <strong>de</strong>la ainda estava nas mãos dos senhores, na condição <strong>de</strong> escravo. Em<br />

Sergipe, como no resto do País, a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escravos se difundiu por todas as regiões e<br />

ativida<strong>de</strong>s econômicas da Província, porém, não <strong>de</strong> forma homogênea, visto que <strong>em</strong> 1850, os<br />

dados revelaram que os escravos se concentravam na Zona da Mata, especialmente na região<br />

da Cotinguiba, 39,09% e a Mata Sul, com 22,60% dos escravos. As duas regiões da Zona da<br />

Mata, maiores produtoras <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açúcar, possuíam 61,69% dos escravos, estando os<br />

restantes 38,31% divididos entre as regiões do Agreste e Sertão. 180<br />

Na primeira meta<strong>de</strong> do século XIX, ainda era fácil obter escravos a preços<br />

relativamente baixos, <strong>de</strong>vido ao pleno funcionamento do tráfico negreiro, o que justifica o<br />

aumento da população escrava <strong>em</strong> Sergipe, <strong>de</strong> 19.434, <strong>em</strong> 1802, para 56.564, <strong>em</strong> 1856. No<br />

entanto, a partir da década <strong>de</strong> 1850 a situação se inverteu e a população escrava <strong>em</strong> Sergipe<br />

começou a diminuir, chegando a 16.875, <strong>em</strong> 1877, onze anos antes da abolição. Os principais<br />

motivos para essa diminuição foram: o fim do tráfico negreiro; a redução da população<br />

escrava, <strong>em</strong> consequência das epi<strong>de</strong>mias; a revitalização do tráfico interprovincial e,<br />

finalmente, o início <strong>de</strong> uma fase <strong>de</strong> preços <strong>de</strong>clinantes do açúcar no mercado internacional.<br />

Essa diminuição da população escrava aumentava a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra. 181<br />

A primeira meta<strong>de</strong> do século XIX apresentou gran<strong>de</strong> crescimento da população<br />

sergipana, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da etnia, saindo <strong>de</strong> 91.997 habitantes no ano <strong>de</strong> 1819 para 222.990<br />

179<br />

I<strong>de</strong>m, p. 88.<br />

180<br />

PASSOS SUBRINHO, op. cit., p.76-77. Já a população livre estava distribuída da seguinte forma: 53,5% na<br />

Zona da Mata e 46,5% nas regiões do Agreste e Sertão.<br />

181<br />

I<strong>de</strong>m, p. 90-101-102.<br />

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