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TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

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Essa <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>monstra a situação precária da casa <strong>de</strong> prisão da capital, <strong>em</strong><br />

1874, quando o Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>nunciou a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhoramentos na estrutura física e no<br />

tratamento com os presos. Apontou como medidas mais urgentes: construção <strong>de</strong> uma cisterna<br />

para evitar a saída dos presos <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> água; criação <strong>de</strong> oficinas com trabalho, como<br />

marcenaria, alfaiataria e sapataria; intensificação do trabalho do Capelão, que tinha a função<br />

<strong>de</strong> moralizar os costumes e transformar o prisioneiro num bom cidadão, ensinando, inclusive<br />

as primeiras letras. 210<br />

Para os pensadores da ciência penal, europeus e norte-americanos, as<br />

penitenciárias <strong>de</strong>veriam ser um lugar para “se plantar o mais completo respeito à moral, on<strong>de</strong><br />

finalmente conv<strong>em</strong> predominar a santificadora e dôce lei do trabalho [grifo nosso]”. 211 No<br />

entanto, a realida<strong>de</strong> sergipana, <strong>em</strong> 1875, <strong>de</strong>monstrava que o Regulamento da Casa <strong>de</strong> Prisão<br />

da Capital não estava sendo cumprido por não haver nenhuma oficina organizada e não existir<br />

instrução literária e religiosa. O que havia era: “dous ou três presos que trabalham <strong>em</strong> obras<br />

<strong>de</strong> marcenaria, todos os mais não <strong>em</strong>pregam productivamente o t<strong>em</strong>po, pois não <strong>de</strong>ve se<br />

consi<strong>de</strong>rar serviço <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> o fabrico <strong>de</strong> cêstas e outros objetos <strong>de</strong> palha, <strong>em</strong> que se<br />

occupam alguns por sua própria iniciativa”. 212<br />

O chefe <strong>de</strong> Polícia também apontou a importância do Capelão e das oficinas <strong>de</strong><br />

trabalho no processo <strong>de</strong> regeneração do preso, já que muitos <strong>de</strong>les estavam ali por causa da<br />

vagabundag<strong>em</strong>, da ociosida<strong>de</strong> e da falta <strong>de</strong> profissão honrosa. Assim, após o cumprimento da<br />

pena, estes tinham a chance <strong>de</strong> retornar ao convívio social, regenerados e com uma profissão<br />

digna. 213<br />

Não basta por<strong>em</strong> que o sacerdote occupe-se na celebração do sacrifício da<br />

missa aos domingos e dias santificados. Seria conveniente que elle <strong>de</strong>sse<br />

também ás homilias. A palavra do sacerdote, inspirada nos livros sanctos,<br />

pregando a paz e o arrependimento, aconselhando a virtu<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ria<br />

concorrer vantajosamente para chamar aquellas almas <strong>de</strong>svairadas ao<br />

reconhecimento <strong>de</strong> seus erros e preparal-as para uma vida <strong>de</strong> completa<br />

reabilitação. 214<br />

Nessa <strong>de</strong>scrição verifica-se a importância dada pelas autorida<strong>de</strong>s à Religião para a<br />

formação social, nesse caso, para a regeneração do preso. Além do papel do sacerdote, dava-<br />

210<br />

I<strong>de</strong>m, p.8-9.<br />

211<br />

SERGIPE. Relatório do Presi<strong>de</strong>nte Antonio dos Passos Miranda, 1875, op. cit., p. 15.<br />

212<br />

I<strong>de</strong>m, p.16.<br />

213<br />

Ibi<strong>de</strong>m.<br />

214<br />

Ibi<strong>de</strong>m, p. 17. De acordo com o Chefe <strong>de</strong> Polícia as únicas ca<strong>de</strong>ias existentes <strong>em</strong> Sergipe são as <strong>de</strong> São<br />

Cristóvão, Villa-Nova, Santo Amaro, Lagarto e a <strong>de</strong> Capella. Nos <strong>de</strong>mais pontos da província serv<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tenção para os culpados as casas alugadas.<br />

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