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TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

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Esse trecho <strong>de</strong>monstra que o missionário atribuía unicamente ao indivíduo a<br />

responsabilida<strong>de</strong> por sua sentença no dia do Juízo Universal. Cabia a cada pecador<br />

arrepen<strong>de</strong>r-se e passar a seguir a lei divina ou continuar a viver transgredindo essa lei.<br />

Somente o indivíduo é responsável pela sua morada eterna no Céu ou no Inferno. Para a Igreja<br />

Católica, algumas das almas, antes <strong>de</strong> ir<strong>em</strong> para uma <strong>de</strong>ssas moradas, passariam pelo<br />

purgatório conforme <strong>de</strong>staca uma das principais afirmações doutrinais do Concílio <strong>de</strong> Trento:<br />

“na outra vida existe um purgatório <strong>em</strong> que as almas salvas, mas que ainda têm pecados,<br />

acabam <strong>de</strong> se purificar”. 132<br />

O quarto sermão proferido na tar<strong>de</strong> seguinte tratou da segunda morada por ele<br />

referida, o Inferno. Na visão <strong>de</strong> frei Caetano “o inferno existe”, por isso, <strong>de</strong>screveu com<br />

<strong>de</strong>talhes, a eterna morada dos pecadores obstinados com o objetivo <strong>de</strong> convencê-los a evitá-la.<br />

[...] Ar<strong>de</strong> no Inferno um vasto e terrível fogo que encerrado por todas as<br />

partes não acha mais caminho, para sahir; n‟este lago <strong>de</strong> fogo, nadam os<br />

amaldiçoados, s<strong>em</strong> ter<strong>em</strong> o mínimo allivio. O fogo se <strong>em</strong>bebe na carne e<br />

no sangue corre pelas veias e artérias, arrebenta o coração. [...] este<br />

terrivel fogo atormenta todas as partes; entra pelos olhos, pelas orelhas,<br />

pelo nariz, pelos lábios, e tudo isto ar<strong>de</strong> como uma fornalha. [...] neste<br />

fogo gritarão furiosos, hão <strong>de</strong> rugir que não se po<strong>de</strong>rá supportar tamanho<br />

será o <strong>de</strong>sespero... Sofrerão, <strong>em</strong> um só t<strong>em</strong>po as febres mais ar<strong>de</strong>ntes, as<br />

cousas mais terríveis, as dôres mais cruéis que se possam conhecer sobre a<br />

terra. 133 [grifo nosso]<br />

Essa morada está reservada, segundo frei Caetano <strong>de</strong> San Leo, para os acatólicos,<br />

precisamente, os protestantes, a priori con<strong>de</strong>nadas ao inferno, b<strong>em</strong> como também, aos<br />

católicos que viv<strong>em</strong> transgredindo a lei da Igreja Apostólica Romana. No entanto, para os<br />

católicos, ainda resta à esperança do arrependimento através da penitência. 134 João Paulo<br />

Freire Dias ao analisar o sermão sobre o inferno <strong>de</strong>stacou que através dos sermões os<br />

capuchinhos afirmavam que as pessoas viviam no mundo do pecado e da imoralida<strong>de</strong>, mas os<br />

convertidos alcançariam à misericórdia divina. Desse modo, levando à prática sacramental as<br />

localida<strong>de</strong>s mais distantes da Igreja Católica, as missões serviram para moldar aquela<br />

população ao pensamento da Igreja Católica cada vez mais romana. 135<br />

132<br />

DELUMEAU, Jean; SABINE, Melchiro-Ponnet. De Religiões e <strong>de</strong> Homens. Trad. Nadyr <strong>de</strong> Salles Penteado.<br />

São Paulo: Loyola, 2000, p.246.<br />

133<br />

AHNSP – Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Sermões <strong>de</strong> Frei Caetano <strong>de</strong> San Leo, op. cit., p. 56 e 59.<br />

134<br />

I<strong>de</strong>m, p. 59.<br />

135<br />

DIAS, João Paulo Freire. Frei Caetano <strong>de</strong> San Léo e o Sermão sobre O Inferno (1895-1912). Monografia do<br />

Curso <strong>de</strong> História. São Cristóvão/SE: UFS, 2005.<br />

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