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TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

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Em Sergipe “efetuavam-se periodicamente, [missões itinerantes] por fra<strong>de</strong>s<br />

capuchinhos, vindos da Bahia, ficando na m<strong>em</strong>ória Frei João, por seu t<strong>em</strong>peramento<br />

azoinado e autoritário” [grifo nosso]. 108 Essa visão do <strong>de</strong>s<strong>em</strong>bargador, outrora juiz da<br />

comarca <strong>de</strong> Lagarto, Gervásio <strong>de</strong> Carvalho Prata, sobre frei João Evangelista como um<br />

missionário que <strong>de</strong>monstrava <strong>em</strong> suas atitu<strong>de</strong>s características <strong>de</strong> um hom<strong>em</strong> “irritado” e<br />

“autoritário”, não se restringe ao julgamento <strong>de</strong> uma autorida<strong>de</strong> jurídica <strong>de</strong> Sergipe. Frei João<br />

Evangelista também foi <strong>de</strong>scrito por integrantes da Or<strong>de</strong>m, como um hom<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

“t<strong>em</strong>peramento, tido como <strong>de</strong>masiado impulsivo, individualista, contrastante, intransigente ao<br />

ponto <strong>de</strong> tornar-se impru<strong>de</strong>nte como, quando do púlpito ousava atacar os po<strong>de</strong>rosos e<br />

pecadores <strong>em</strong> geral”. 109 O capuchinho Regni mencionou que “seu caráter, franco e sincero,<br />

mas talvez <strong>de</strong>masiado impulsivo, b<strong>em</strong> assim sua corag<strong>em</strong> [...] com que soía investir contra<br />

erros e vícios, [...] lhe tenham servido para ganhar inimigos e provocar reações que, por vezes,<br />

chegaram ao ponto <strong>de</strong> ameaçar a sua segurança pessoal”. 110 A personalida<strong>de</strong> difícil <strong>de</strong> frei<br />

João Evangelista motivava indisposição, inclusive com os confra<strong>de</strong>s, a ponto <strong>de</strong> muitos<br />

missionários recusar<strong>em</strong> a missionar com ele. Em suas anotações verificamos a realização <strong>de</strong><br />

muitas missões s<strong>em</strong> a companhia <strong>de</strong> outro missionário, a ex<strong>em</strong>plo das 19 realizadas <strong>em</strong><br />

Sergipe. No entanto, conforme frei Gabriel <strong>de</strong> Cagli era um missionário <strong>de</strong> “caráter sério e<br />

inimigo <strong>de</strong> subterfúgios e tratanice. A exatidão na observância regular, na prática do silêncio e<br />

Pieda<strong>de</strong>/Ba apren<strong>de</strong>u o português para comunicar-se nas muitas missões que realizou <strong>em</strong> terras baianas e<br />

sergipanas. Em 20 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1948 faleceu na Pieda<strong>de</strong>. REGNI, 1991, op. cit., p. 275- 278.<br />

106<br />

Em 24 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1877, nasceu <strong>em</strong> Urbânia, Contucci Caetano, filho <strong>de</strong> José e Tancini Filomena. Or<strong>de</strong>nado<br />

sacerdote <strong>em</strong> 25 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1903 frei Francisco Contucci <strong>de</strong> Urbânia. REGNI, 1991, op. cit., p. 287-288.<br />

107<br />

Frei Caetano <strong>de</strong> San Leo nasceu <strong>em</strong> Uffuglioni, distrito <strong>de</strong> Santa Ágata Féltria, na Itália, no dia 12 <strong>de</strong> agosto<br />

<strong>de</strong> 1868. Era filho dos camponeses Salvaroti Fortunato e Rosa Renzetti. Seu nome civil era Salvaroti Luigi.<br />

Começou a trajetória conventual nas Escolas Seráficas que objetivavam formar candidatos ao sacerdócio e a<br />

vocação religiosa laical com jovens e até mesmo crianças. Muitos <strong>de</strong>les provinham da zona rural e não possuíam<br />

nenhuma instrução escolar básica. Iniciou a primeira etapa na formação <strong>de</strong> um capuchinho aos 16 anos, quando<br />

entra para o noviciado <strong>em</strong> Camerino no dia 10 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1884. Ao terminar o noviciado passou um t<strong>em</strong>po no<br />

convento <strong>de</strong> Civita Nova Marche. Em 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1891 na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesi, o Bispo D. Romualdo Magagnini<br />

lhe conferiu a or<strong>de</strong>nação sacerdotal. Em 17 <strong>de</strong> julho obteve da Propaganda o mandato <strong>de</strong> missionário apostólico<br />

capuchinho. Em 10 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1894, <strong>em</strong> companhia <strong>de</strong> frei Gabriel <strong>de</strong> Cagli partiu do porto <strong>de</strong> Gênova, na<br />

Itália, com <strong>de</strong>stino ao Brasil. Frei Caetano <strong>de</strong>u início ao ministério apostólico ao lado <strong>de</strong> Frei João Evangelista,<br />

após <strong>de</strong>z meses <strong>de</strong> sua chegada ao Brasil, s<strong>em</strong> possuir o domínio da língua portuguesa. Ele foi escolhido para<br />

acompanhar o primeiro grupo <strong>de</strong> missionários estudantes, enviados para renovar a missão da Bahia,<br />

recent<strong>em</strong>ente sob a li<strong>de</strong>rança da Província das Marcas. <strong>CUNHA</strong>, Tatiane Oliveira da. “Espaços e culturas <strong>em</strong><br />

transformações <strong>em</strong> nome <strong>de</strong> Cristo...” : Frei Caetano <strong>de</strong> San Leo <strong>em</strong> missões populares <strong>em</strong> Sergipe (1901 –<br />

1911). Monografia do Curso <strong>de</strong> Especialização <strong>em</strong> Ciências da Religião. São Cristóvão/SE: UFS, 2008.<br />

108<br />

PRATA, Gervásio <strong>de</strong> Carvalho. “O Lagarto que eu vi”. Apud FONSECA, Adalberto. História <strong>de</strong> Lagarto.<br />

2002, p. 96. Fonseca, das páginas 73 a 103, fez a transcrição das M<strong>em</strong>órias <strong>de</strong> Gervásio Prata, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>bargador<br />

que fora juiz <strong>de</strong> direito da comarca <strong>de</strong> Lagarto entre 1903 a 1908 e <strong>de</strong>ixou uma análise social e política <strong>de</strong>sse<br />

município intitulado “O Lagarto que eu vi” que traça o perfil das personalida<strong>de</strong>s da época.<br />

109<br />

Relatório <strong>de</strong> frei Eugênio <strong>de</strong> Senigália, Provincial das Marcas, 4 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1900, <strong>em</strong> visita canônica à<br />

Bahia que encontra-se no Arquivo da Cúria Geral dos Capuchinhos – Roma (ACG). Apud REGNI, 1991, op.<br />

cit., p. 82.<br />

110<br />

REGNI, 1991, op. cit., p.85.<br />

43

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