TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...
TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...
TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Sergipe houve a instalação <strong>de</strong> um engenho central, como citado, mas as primeiras usinas só<br />
apareceram no período republicano. 240<br />
Embora essa relativa mo<strong>de</strong>rnização técnica tenha melhorado a situação da<br />
produção do açúcar, o probl<strong>em</strong>a da “falta <strong>de</strong> braços” continuava. Em 1876, João Ferreira<br />
d‟Araujo Pinho afirmou que a lavoura ameaçava “completo anniquillamento [...] per<strong>de</strong>ndo<br />
annualmente centenas <strong>de</strong> braços com a progressiva exportação <strong>de</strong> escravos, [...]”. 241 A<br />
população escrava <strong>em</strong> Sergipe reduziu <strong>de</strong> 32.974, <strong>em</strong> 1873, para 16.875 <strong>em</strong> 1887. Os<br />
principais fatores para essa redução foram: mortalida<strong>de</strong> dos escravos, alforrias e migração.<br />
Em Sergipe, as taxas <strong>de</strong> alforrias eram mo<strong>de</strong>radas, seu crescimento ocorreu nos últimos anos<br />
do regime escravista, possivelmente, como forma <strong>de</strong> preservar essa mão-<strong>de</strong>-obra. Nesse<br />
processo, o Fundo <strong>de</strong> Emancipação teve uma contribuição importante. De 1873 a 1886, a<br />
população escrava sergipana teve uma redução <strong>de</strong> 10.192 pessoas, sendo que <strong>de</strong>ste total,<br />
5.376 <strong>de</strong>veu-se às mortes, 3.926 às alforrias <strong>de</strong> escravos e 893 à exportação líquida <strong>de</strong><br />
escravos. Portanto, o tráfico interprovincial <strong>de</strong> escravos teve um pequeno papel na redução da<br />
população escrava da Província, significando apenas 8,76% da diminuição total. 242<br />
Conforme Passos Subrinho, a historiografia sobre a transição do trabalho escravo<br />
para o trabalho livre no Nor<strong>de</strong>ste açucareiro aponta uma drenag<strong>em</strong> <strong>de</strong> escravos para a<br />
economia cafeeira e uma fácil substituição da mão-<strong>de</strong>-obra escrava pela livre. No entanto, <strong>em</strong><br />
Sergipe não foi b<strong>em</strong> assim. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> braços levava os senhores <strong>de</strong> engenho a<br />
conservar sua força <strong>de</strong> trabalho e buscar meios coercitivos para forçar a mão-<strong>de</strong>-obra ao<br />
trabalho assalariado. 243<br />
Muitas Províncias, principalmente as do Su<strong>de</strong>ste, fizeram uso da imigração como<br />
alternativa ao escravo. Segundo Luiz Felipe <strong>de</strong> Alencastro e Maria Luiza Renaux existiam<br />
duas correntes que tratavam da política <strong>de</strong> imigração. De um lado, os fazen<strong>de</strong>iros que<br />
objetivavam conseguir proletários, <strong>de</strong> qualquer raça, para substituir os escravos. De outro, a<br />
burocracia imperial e intelectual que via na imigração uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> branqueamento<br />
da população brasileira e procuravam barrar a entrada <strong>de</strong> imigrantes que não foss<strong>em</strong><br />
europeus. 244 Em Sergipe, <strong>em</strong>bora houvesse o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> introduzir o imigrante europeu como<br />
240<br />
PASSOS SUBRINHO, op. cit., p. 99, 216, 217. Para o autor as usinas sergipanas <strong>de</strong>veriam ser chamadas <strong>de</strong><br />
meia-usinas.<br />
241<br />
SERGIPE. Relatório do Presi<strong>de</strong>nte João Ferreira D‟ Araujo Pinho, 1876, op. cit., p. 2.<br />
242<br />
PASSOS SUBRINHO, op. cit., p. 104-105-109-110-115-133.<br />
243<br />
I<strong>de</strong>m, p.148.<br />
244<br />
ALENCASTRO, Luiz Felipe <strong>de</strong> Alencastro e RENAUX, Maria Luiza. Caras e Modos dos Migrantes e<br />
Imigrantes, p. 291-335. In: História da Vida Privada no Brasil: Império. Coor<strong>de</strong>nador da coleção Fernando A.<br />
Novais; organizador do volume Luiz Felipe <strong>de</strong> Alencastro. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 293.<br />
89