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TATIANE OLIVEIRA DA CUNHA - Programa de Pós-Graduação em ...

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obra <strong>em</strong> Sergipe persistia. 250 No entanto, a situação financeira da Província não permitia que o<br />

Governo arcasse com essa <strong>em</strong>preitada.<br />

[...] os productos da lavoura da província, que cada vez mais <strong>de</strong>finha; para a<br />

constante retirada dos braços escravos, que dão uma boa receita<br />

present<strong>em</strong>ente, por<strong>em</strong> que se converterá <strong>em</strong> mal futuro; para a falta <strong>de</strong> uma<br />

lei que regule o trabalho do braço livre; que tire da inercia <strong>em</strong> que<br />

viv<strong>em</strong> punhados <strong>de</strong> homens validos e outros que se entregão ao feio vicio<br />

<strong>de</strong> mendigar; porque este é o meio mais próprio para animar a sua<br />

proverbial indolência, concluirá commigo que só num futuro muito r<strong>em</strong>oto<br />

po<strong>de</strong>rá a Província <strong>de</strong> Sergipe equilibrar as suas finanças. 251 [grifo nosso]<br />

Na opinião do administrador, a solução para substituir o escravo era a criação <strong>de</strong><br />

uma lei para regulamentação do trabalho livre, pois havia homens livres na ociosida<strong>de</strong> que<br />

<strong>de</strong>veriam assumir o trabalho na lavoura. Passos Subrinho cita ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> meios coercitivos<br />

utilizados pelo Estado na tentativa <strong>de</strong> conseguir mão-<strong>de</strong>-obra para a lavoura: os regulamentos<br />

dos contratos <strong>de</strong> trabalho, a fixação <strong>de</strong> residência, a criação <strong>de</strong> colônias agrícolas, o “termo <strong>de</strong><br />

b<strong>em</strong> viver”. 252 No entanto, apesar da coerção muitos homens livres conseguiam sobreviver da<br />

cultura <strong>de</strong> subsistência, <strong>em</strong> terras não ocupadas pela cultura da cana, b<strong>em</strong> como do<br />

extrativismo animal e vegetal. Para resolver essa situação, Daniel Campos, 1898, <strong>de</strong>stacou as<br />

condições indispensáveis ao progresso da lavoura:<br />

Acquisição <strong>de</strong> engenhos centraes, estradas <strong>de</strong> ferro e melhoramentos das vias<br />

<strong>de</strong> communicação, porque, qualquer que seja o estabelecimento rural, a<br />

lavoura soffre s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o producto não possa concorrer<br />

rapidamente ao mercado s<strong>em</strong> a grave <strong>de</strong>speza <strong>de</strong> transporte, que muitas<br />

vezes é tão excessiva que não anima a producção. Uma outra causa não<br />

menos pon<strong>de</strong>rosa, é a falta do ensino agrícola. Para apren<strong>de</strong>r lidar com a<br />

terra. [...] Os melhoramentos materiais são, incontestavelmente, a primeira<br />

condição do progresso <strong>de</strong> um povo, do engran<strong>de</strong>cimento <strong>de</strong> sua riqueza e do<br />

250<br />

SERGIPE. Mensag<strong>em</strong> lida perante a Ass<strong>em</strong>bleia Legislativa do Estado <strong>de</strong> Sergipe pelo Exm. Sr. Presi<strong>de</strong>nte<br />

do Estado Dr. José Calazans, <strong>em</strong> 7 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1893, na 2ª sessão ordinária da legislatura. Aracaju. Typ. O<br />

Republicano. 1893, p.19, 21, 32-33.<br />

251<br />

I<strong>de</strong>m.<br />

252<br />

PASSOS SUBRINHO, op. cit., p.168-186. Para Passos Subrinho, a a<strong>de</strong>são aos valores liberais era um forte<br />

<strong>em</strong>pecilho à adoção <strong>de</strong> medidas coercitivas com o intuito <strong>de</strong> dinamizar a oferta <strong>de</strong> trabalho. Mas a população<br />

livre não <strong>em</strong>pregada na gran<strong>de</strong> lavoura era tida como vadia e suspeita <strong>de</strong> praticar diversos crimes. Por isso, com<br />

a justificativa <strong>de</strong> combater a criminalida<strong>de</strong> e moralizar a população através do trabalho aplicavam-se as medidas<br />

coercitivas. Nesse sentido, o Chefe <strong>de</strong> Polícia Provincial, <strong>em</strong> Relatório <strong>de</strong> 1880, afirmou ter enviado uma<br />

circular a todos os <strong>de</strong>legados, na qual l<strong>em</strong>brou que a causa da falta <strong>de</strong> braços para a lavoura era a ociosida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

parte da população, <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, originava-se a maior parte dos crimes. Assim, os <strong>de</strong>legados <strong>de</strong>veriam procurar, os<br />

ditos vadios, fazendo-os assinar um “termo <strong>de</strong> b<strong>em</strong> viver”, através do qual eles se comprometeriam, no prazo <strong>de</strong><br />

30 dias, a comprovar, junto à polícia, que estavam ocupados <strong>em</strong> um trabalho útil. p.194-195.<br />

92

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