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Linguagem, Educação e Artes - Vol.1 - 2010 - Unorp

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tempo em que doa, toma de volta, é o mito do eterno retorno. Ele não vai<br />

representar barreiras, discriminações, mas será, sim, hospitaleiro.<br />

O jardim locus amoenus foi retratado nas duas obras em análise. Ambos os<br />

artistas conseguem estabelecer a tensão dialética em seus textos. Poliziano, além<br />

de usar o tema do ―amor‖ e provocar o ―confronto com o antigo‖ por meio de seu<br />

poema, faz com que ele seja, igualmente, uma possível representação da estreita<br />

relação entre o homem e a ―Mãe-Natureza‖, que se faz presente no inconsciente<br />

coletivo do ser humano por meio da disposição dos mitos das flores. Botticelli utiliza<br />

o mesmo procedimento que Poliziano, já que, além de representar o jardim ideal e o<br />

―amor‖ na sua forma maior, isto é, a deusa Vênus, faz com que percebamos a<br />

inserção do contexto social ou dos rituais míticos da Florença renascentista em ―La<br />

Primavera”, por meio do ideal de beleza feminina, representado pelas vestes das<br />

personagens e pelo passo de contradança que caracteriza cada representação.<br />

Assim, o jardim aberto, lugar mítico e eterno é utilizado tanto para alegorizar ou<br />

simbolizar o amor como para representar rituais míticos, na obra de Botticelli, e o<br />

genius loci, na obra de Poliziano.<br />

Utilizando os conceitos da teoria semiótica da linha greimasiana (Greimas,<br />

1975), as homologias entre a pintura e poesia analisadas podem ser verificadas nos<br />

seguintes níveis: a) nível fundamental: com as principais oposições semânticas<br />

representadas pelo contraste morte x vida (vida como renascimento - mito do eterno<br />

retorno, mitos das flores) ou por transformação x estaticidade, etc.; b) nível narrativo:<br />

ambas representações sugerem ou inserem em si diversas narrativas, uma principal<br />

(Vênus) e várias satélites (diversos mitos em conjunção com o mito principal, rapto<br />

de Clóris e seu retorno como Flora, na pintura, ou os diversos mitos das flores, na<br />

poesia) e c) nível discursivo: o processo de enunciação resulta na descrição ideal de<br />

um jardim renascentista e das flores que o adornam, o jardim locus-amoenus, além<br />

da presença de diversos seres mitológicos (acompanhantes de Vênus).<br />

No tocante ao plano da expressão, são consonantes as presenças dos<br />

formantes figurativos (jardim, flores, dança, musicalidade, etc.) que nos levam ao<br />

plano do conteúdo de beleza, perfume, harmonia, alegria, etc. Os formantes<br />

plásticos presentes confirmam a homologia entre os textos estudados pois na<br />

categoria topológica vemos Vênus ocupando o centro de ambas representações; na<br />

categoria eidética, várias formas são sugeridas, como a circularidade da vida, por<br />

exemplo, que é representada pelos mitos das flores (morte – ressurreição – vida) ,<br />

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