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Linguagem, Educação e Artes - Vol.1 - 2010 - Unorp

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que a paródia revela-nos é que existe um aparato social de aceitação e de<br />

apropriação ideológica da cultura estrangeira, o qual não se deixaria ver facilmente<br />

fora de uma atmosfera virtual como é a web.<br />

A partir desse momento, portanto, deixamos um pouco de lado os<br />

pressupostos pansemióticos de Peirce, e nos reaproximamos aos ditames da<br />

tradução cultural, nos termos da antropofagia Oswaldiana:<br />

Em sucinto resumo das idéias antropofágicas, verificamos que o que assim se<br />

chamou era um conjunto de procedimentos artísticos através dos quais se objetivava<br />

―deglutir‖ o que, para a época do advento do Modernismo no Brasil, era moderno e<br />

desenvolvido ou simplesmente estrangeiro, para depois fazê-lo retornar, revestindo-o<br />

com o nosso subdesenvolvimento tecnológico e com os nossos arcaísmos sócioculturais<br />

impregnados de nossa vivência sob os auspícios do colonialismo (PESSOA,<br />

2003, p. 50).<br />

E também aos procedimentos da domesticação preconizada pelos estudiosos<br />

das teorias da tradução:<br />

The effect of this domestication, as Venuti points out, is that the humour of the piece is<br />

removed, giving priority instead to a familiar and acceptable representantion of the<br />

family – in his view, an undesirable treatment of the foreign text 13 (SCOTT, 1998, p.<br />

05).<br />

Velemo-nos aqui do procedimento antropofágico, uma vez que é importante<br />

coadjuvante à teoria pós-colonial, pois ajuda-nos a entender como se<br />

operacionalizou a tradução cultural por meio da inserção dos logotipos e logomarcas<br />

no texto do Hino Nacional. Esse processo de tradução é também antropofágico<br />

porque parece que contou com certa anuência do leitor/consumidor/colonizado pelas<br />

marcas e, por isso, preferimos lidar em nosso presente texto, com a idéia de<br />

apropriação, conceito mais íntimo da Estética da Recepção 14 e que pressupõe uma<br />

13 Numa tradução livre da citação, temos que; ― a evidência da domesticação, segundo<br />

os apontamentos de Venuti, quando em detrimento da concórdia, prefere-se a<br />

instabilidade familiar e as representações mais adequadas ao contexto do texto<br />

traduzido‖. Ou seja, o tradutor domestica o texto de partida aos moldes da cultura de<br />

chegada quando outros interesses que não os necessariamente do autor estiverem<br />

subjacentes ao momento da tradução. É o que normalmente ocorre nas traduções que<br />

de textos em contextos de lutas étnicas, contexto que exige do tradutor muito mais do<br />

que habilidade na língua de chegada, mas, sobretudo, de muita diplomacia, evitando<br />

contrariar ou interpor-se com seu texto em temas conflitantes.<br />

14 Em português, dentre outros sentidos, o vocábulo recepção quer dizer receber. No entanto,<br />

no sentido como veio do alemão, vinculado aos pressupostos da Estética da Recepção de<br />

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