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Linguagem, Educação e Artes - Vol.1 - 2010 - Unorp

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Nos termos da teoria semiótica de Peirce, o que se conseguiu por meio desse<br />

artifício lingüístico-semântico foi um questionamento do representamen por sua<br />

ausência na letra do Hino Nacional, cuja nova letra deixa de ter o referente histórico<br />

imediato originário, assumindo criativamente os contornos semânticos da conotação<br />

publicitária mediata de legi-signos 12 , materializando-se por meio deles a<br />

mediatização que desencadeia a tradução cultural via mass media.<br />

O caráter metafórico do novo texto transgride o contexto sócio-cultural de<br />

produção do texto oficial do Hino, subvertendo-o via reificação no mass media,<br />

vinculando-o aos objetivos da ideologia de mercado. Embora o texto integral do Hino<br />

Nacional ainda disponha de muitos outros representamens para serem substituídos,<br />

o processo de paródia parcialmente operado em sua letra é suficientemente<br />

conclusivo para que possamos dizer que o que se tem é o que Peirce chama de<br />

semiose, ou seja, uma ―série de sucessivos interpretantes ad infinitum‖ (NÖTH,<br />

1995, p. 107).<br />

O mecanismo difusor (a web) da idéia transgredida (o Hino Nacional<br />

parodiado) é a alegoria da qual se reveste a mensagem publicitária, e que fica<br />

ideologicamente escondida atrás da força do capitalismo (via logomarcas e<br />

logotipos), mas levada adiante pela sutileza da linguagem poemática (elementos<br />

poéticos, como o rimário do texto original do Hino):<br />

Considerado em si mesmo, o representamen que ora discutimos é um quali-signo, um<br />

sin-signo ou um legi-signo. As transformações criativas do representamen aparecem<br />

em todas essas três conformações.<br />

Pela simples inversão ótica das letras impressas, o poema torna-se, à primeira vista,<br />

enigmático; e aí a possibilidade de compreensão se dá apenas do quali-signo. Com a<br />

reversão da imagem refletida num espelho, o quali-signo é transformado em legisigno,<br />

ou seja, em letras e palavras que formam o poema.<br />

Os signos da linguagem na semiose cotidiana funcionam largamente por convenção.<br />

Na medida em que uma palavra está regularmente associada a um dado significado,<br />

ela passa a funcionar como legi-signo (NÖTH, 1995, p. 107-8).<br />

O feedback esperado - compreensão do novo significado do poema Hino<br />

Nacional - é fornecido pelo leitor/consumidor/colonizado, que consome o produto<br />

final – a paródia -, difundindo-o inadvertidamente pela internet. Contudo, o efeito<br />

metafórico não é rapidamente compreendido, não podendo, portanto, ser medido<br />

materialmente (materialmente isso se apresentaria sob a forma do aumento de<br />

consumo dos bens veiculados pelas marcas, por exemplo), pois, implicitamente, o<br />

12 Legi-signo é a palavra, é a lei, é o sentido do dicionário, enquanto que o representamen, é o<br />

que ela quer dizer no contexto em que se aplica.<br />

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