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Linguagem, Educação e Artes - Vol.1 - 2010 - Unorp

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jornalísticas, a consciência do valor da informação, o senso de oportunidade e o<br />

domínio da tecnologia de transmissão de dados remotos.<br />

Este fenômeno ultrapassa nossas fronteiras, como demonstra um artigo<br />

recente de Líriam Spnholz 3 , em que argumenta que mais da metade das notícias<br />

publicadas nos jornais americanos e alemães provêm de assessorias de imprensa<br />

ou foi ―provocada‖ por estratégias de relações públicas. Segundo ela, desde o<br />

começo dos anos 90, nos EUA há mais assessores de relações públicas e de<br />

imprensa do que jornalistas empregados em redações. Estudos das fontes das<br />

notícias contribuiriam para mostrar o quanto a influência externa é forte. Uma<br />

pesquisa americana nos anos 70 já apontava para isso: mesmo em jornais como o<br />

The New York Times ou The Washington Post, 60% do material das redações<br />

tinham origem em assessorias de imprensa.<br />

Neste sentido, alinha-se a perigosa, porém, oportuna argumentação de<br />

Chaparro 4 , de que não existiria fronteira entre jornalismo e propaganda. Frisou na<br />

ocasião que em qualquer entrevista, se faz propaganda O professor, no entanto,<br />

fez uma ressalva: a de que é preciso haver uma ―fronteira de intenções‖, com a<br />

devida identificação do profissional com o conteúdo jornalístico exigido por uma<br />

sociedade em busca de notícias que a transformem.<br />

Max Weber sintetiza muito bem a questão da intencionalidade que precisa<br />

ser depositada no ato da projeção social ao indicar a profunda alteração no modo<br />

de colocação do indivíduo na sociedade:<br />

Já não são mais os laços de sangue ou os valores da tradição que<br />

determinarão a inserção no contexto público, mas trata-se agora de um<br />

problema que cada indivíduo tem diante de si, e que não pode ser resolvido<br />

sem levar em consideração a vontade racional de se inserir na coletividade.<br />

Dito de outro modo, os valores da tradição não garantem mais a colocação<br />

da pessoa no espaço coletivo, pois este ultrapassa o âmbito da simples<br />

comunidade. (...)<br />

Desse modo, o indivíduo não tem seu vínculo coletivo, nem sua identidade<br />

assegurados de antemão pela tradição, mas deve construí-los através de<br />

seu engajamento espontâneo na diversidade das formas coletivas de<br />

agrupamento. O processo comunicativo deixa de ser analisado em sua<br />

generalidade, não sendo mais tratado como o fundamento da consciência<br />

humana (quer em sua forma coletiva ou individual); ele passa a ser investido<br />

³ Jornalista, mestre em História, Cultura e Poder e doutoranda em Comunicação pela Universidade de<br />

Lipsia, na Alemanha<br />

4 Afirmação proferida durante palestra intitulada ―Como estruturar uma estratégia vitoriosa de<br />

relacionamento com a imprensa‖, proferida no 6º Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial,<br />

Assessoria de Imprensa e Relações Públicas, realizado em abril de 2003, em São Paulo<br />

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