Linguagem, Educação e Artes - Vol.1 - 2010 - Unorp

quer no caso do Hino Nacional Brasileiro, quer no caso das logomarcas e dos
logotipos, houve subversão de sentido e todos os textos – no de partida (o texto
original do Hino) e no de chegada, ou seja, o hino nacional parodiado.
Esses mecanismos de escolha, se não se valeram de uma determinada teoria
específica da construção ou da tradução textual, apegaram-se, no mínimo, ao
critério subjetivo da tradução cultural e das ideologias hegemonicamente dominantes
cujo interesse principal é o lucro financeiro e a espoliação da cultura.
À diferença do antigo, este novo imperialismo implicaria uma ação em verdade
civilizadora, uma benção para os países dominados, de modo que pela primeira vez a
letra das declarações de amor da potência dominante de turno coincidiria com suas
intenções reais. Já as consciências culpadas não necessitariam de álibis, senão não
seriam culpadas: o imperialismo atual irradiaria tecnologia e progresso, e até seria de
mau gosto utilizar esta velha e odiosa palavra para defini-lo. Cada vez que o
imperialismo exalta suas próprias virtudes, convém revistar os bolsos (GALEANO,
2002, p. 225).
Se observar esse fenômeno na mídia não nos ajuda a ter uma explicação
sobre o nosso sentido de ser e agir no mundo, pelo menos temos reiterada, por meio
desse olhar parodístico, a consciência de que, ao nos apropriarmos intensamente de
elementos estrangeiros, estamos buscando transformá-los num pouco do que nós
somos, embora ainda não saibamos. Nos termos de Homi Bhabha (1994), isso é
simplesmente o contexto e o desafio de ter de viver em meio ao incompreensível.
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