Linguagem, Educação e Artes - Vol.1 - 2010 - Unorp

Em que formas híbridas, portanto, poderá emergir uma política da afirmativa teórica?
Que tensões e ambivalências marcam esse lugar enigmático de onde fala a teoria?
Falando em nome de alguma contra-autoridade ou do horizonte do verdadeiro [...], o
empreendimento teórico tem de representar a autoridade antagônica (do poder e/ou
do conhecimento) que, em um gesto duplamente inscrito, tenta simultaneamente
subverter e substituir (BHABHA, 2003, p. 47).
Vejamos um pouco da montagem desse quebra-cabeças cultural do qual
somos peças, e que organiza a aceitação e a apropriação, a troca e a subversão,
que se nos mostra no caso da palavra Tang. No idioma inglês, esse vocábulo está
relacionado à idéia de aroma, em português está atrelada à logomarca de um pó
solúvel em água para refrescos de frutas. O que une as acepções em inglês e
português, portanto, pode ser a noção de que o produto preservaria dentro das
embalagens de papel a fragrância natural das frutas que a empresa de sucos
desejaria, assim, vincular à sua marca.
E como proceder quanto à associação da palavra Rider ao conceito original
de cavaleiro? No Brasil, Rider é logomarca de sandálias. As ditas sandálias,
normalmente, são acopladas a momentos de lazer, de descanso, e não a atividades
que exijam algum esforço, como sugere-nos a virilidade associada ao ato de
cavalgar. O que podemos fazer é nos apegar a um sentido menos usual, que vincula
a tradução do vocábulo Rider à idéia de viajante. Aí, sim, o conjunto palavra e
significado fariam algum sentido para o consumidor.
Chop, segundo Carvalho (2004, p. 49), não tem nada a ver com bar, pois quer
dizer cortar, picar. Para que disséssemos em inglês chope, que em português é o
líquido fermentado com cereais, teríamos de usar a palavra draft. Na recepção
dessa palavra houve uma apropriação e não apenas uma aceitação. Isso se deu
devido à semelhança fonética entre chope, em português, e chop, em inglês.
A uma fita adesiva transparente, que serve para fechar pacotes, damos o
nome de durex. Esse nome é usado no país todo, com variações, do tipo ―fita
colante‖ ou ―fita adesiva‖. Entretanto, no inglês, lembra-nos Carvalho ( p. 101), durex
está relacionada, na Inglaterra, a uma marca de preservativos. Nos EUA,
preservativo é condom. O que entendemos como durex (fita colante ou adesiva), por
aqui, deveria ser chamado, se tivéssemos realmente que emprestar um vocábulo da
Inglaterra, esse vocábulo seria sellotape. E se quiséssemos efetivamente continuar
usando um vocábulo estados-unidense, deveríamos usar a expressão scoth tape.
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