Linguagem, Educação e Artes - Vol.1 - 2010 - Unorp
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aos compradores a ideologia da felicidade, as mercadorias dificilmente suscitariam o<br />
sentimento da felicidade. O conteúdo de realidade torna-se cada vez mais sutil, e vêse<br />
então que o mundo das mercadorias chegou a um ponto no qual simplesmente<br />
precisa romper com a realidade (WILHELM ALFF, 1971, p. 23, apud HAUG, 1997, p.<br />
47).<br />
Portanto, de um lado, apoiando-nos nos pressupostos da teoria pós-colonial,<br />
e, de outro lado, nos parâmetros da estética do consumo, o que nos propomos,<br />
nesse momento, é entender de que maneira nós nos apropriamos dos signos<br />
culturais dispersos na sociedade para compor uma paródia 2 do Hino Nacional<br />
Brasileiro 3 , a qual é, há algum tempo, veiculada pela internet (ver textos da paródia<br />
mais adiante).<br />
Ao lado dessa proposta de análise, antes de irmos diretamente ao texto<br />
parodiado propriamente dito, declinaremos algumas palavras em uso no Brasil<br />
oriundas do idioma inglês (empregadas das mais diversas formas, mas,<br />
principalmente, no ambiente da publicidade), a título ilustrativo, e que nos permitam<br />
antever por meio delas, de um lado, o viés da aceitação cultural passiva e, de outro<br />
lado, o viés da apropriação cultural ativa que se opera pela ação dos usuários da<br />
internet brasileira, contudo, aparentemente orquestrada pela batuta silente do capital<br />
internacional.<br />
A visualização inicial da tríade indústria/mercado/consumo nos permite<br />
perceber uma outra estrutura triádica, aceitação/apropriação/tradução cultural, que<br />
emerge como derivação de alguns vocábulos estrangeiros em uso na língua<br />
cotidiana, a partir dos quais cremos nos será possível depreender e compreender<br />
melhor a maneira pela qual um trecho do texto do Hino Nacional Brasileiro, ora<br />
analisado, ressurge no cenário da cultura brasileira como produto ímpar (uma<br />
mensagem publicitária parodística difundida aleatoriamente pelos sites da internet e<br />
à revelia de qualquer campanha de marketing das empresas cooptadas pela<br />
2 O vocábulo paródia, segundo Massaud Moisés, vem do grego paroidia, e quer dizer canto ao<br />
lado do outro. Continua Moisés, dizendo que o vocábulo também designa a composição<br />
literária que imita, cômica ou satiricamente, o tema ou a forma de uma obra séria. O intuito da<br />
paródia, conclui Moisés, geralmente é o de ridicularizar uma tendência ou um estilo que, por<br />
qualquer motivo, se torna conhecido e dominante (p. 388).<br />
3 A música do Hino Nacional Brasileiro é de Francisco Manuel da Silva, e a letra do poema é de<br />
Joaquim Osório Duque Estrada. O Hino foi instituído oficialmente em 20/01/1890, e ratificado<br />
pelo Decreto 15.671, de 06/09/1922.<br />
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