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Linguagem, Educação e Artes - Vol.1 - 2010 - Unorp

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A propaganda se assemelha à guerra, salvo na virulência (p. 82). Muitos nomes<br />

inventados, sem nenhum significado, alcançam êxito. Kodak, Karo, Mazda, etc. São<br />

nomes exclusivos. Mas um nome significativo que ajude a realçar uma alegação<br />

preponderante é certamente uma grande vantagem (p.83) (HOPKINS, s/d).<br />

Nesse tocante é importante ressaltarmos o que foi dito na introdução de<br />

nosso trabalho. O mercado aparentemente oferece a todos, via divulgação de<br />

massa, a ilusão do acesso à felicidade que os produtos veiculados nas propagandas<br />

pode proporcionar a quem os consuma. No entanto, nem todo mundo pode adquirir<br />

o bem que deseja – fecha-se o ciclo que começa com a realidade virtual da web,<br />

que passa pela venda de ilusões de propriedade fácil, e desemboca na decepção<br />

pelo desejo não satisfeito.<br />

Se, de um lado, a paródia do Hino Nacional se apresenta como uma<br />

subversão de linguagem, de outro lado, revela-nos também um pouco do grau de<br />

infelicidade que o consumidor experimenta, diante de tantas ofertas captadas pelos<br />

olhos, que se contrapõem à sua realidade financeira. Isto quer dizer que, no caso da<br />

paródia do Hino, o que podemos ter é um preocupante sintoma 20 psíquico de<br />

insatisfação social camuflado por detrás de uma piada.<br />

Os movimentos undergrounds dos anos sessenta espelharam um pouco<br />

dessa rebeldia com relação aos padrões da civilização. Mas o que é<br />

interessante notar é que essa atitude revolucionária é inata no homem, e essa<br />

insurgência é bastante forte nele quando acredita ser através dela o meio<br />

pelo qual vai conseguir ser feliz ou libertar-se daquilo que acredita o estar<br />

oprimindo. Ele deseja a felicidade, a liberdade, e tende a destruir aquilo que<br />

aparentemente se ofereça como um obstáculo à consecução ou livre<br />

execução desses seus propósitos. Mesmo que seja a sociedade ou os pilares<br />

sobre os quais ela se sustenta: a moral, a família, a dignidade, a justiça, etc<br />

(PESSOA, 2004, p. 125).<br />

Não obstante, percebe-se que nesses textos (consideramos as marcas<br />

comerciais como texto) operou-se a paródia, e que o efeito parodístico, precípua e<br />

aparentemente, não foi intencionalmente pretendido pelos detentores das<br />

logomarcas e dos logotipos, mas sofreu, não obstante, um efeito reverso, uma<br />

contaminação da própria paródia operada no Hino Nacional. Assim, conclui-se que,<br />

20 Freud, ao explicitar a natureza do problema sintoma, como material psicossocial acumulado<br />

na mente em distúrbio, assim nos fala: ―O material reprimido luta contra esse destino. Cria para<br />

si próprio, ao longo de caminhos sobre os quais o ego tem poder, uma representação<br />

substitutiva (que impõe ao ego mediante uma conciliação) – o sintoma‖ (FREUD, 1969, p. 190).<br />

A representação substitutiva ou conciliação, cremos que seja a paródia do Hino Nacional.<br />

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