Linguagem, Educação e Artes - Vol.1 - 2010 - Unorp
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paródia) e, ao mesmo tempo, plural (a partir do reaproveitamento da mensagem<br />
publicitária parodiada emerge um novo texto revestido de ideologia capitalista).<br />
Por isso, nesse momento, por centrarmos nosso trabalho de análise<br />
predominantemente na palavra escrita, julgamos pertinente nos aproximar de uma<br />
definição de palavra 4 , que pudesse dar conta também das logomarcas 5 impressas<br />
na paródia, e de uma acepção mais ampla de texto 6 , a fim de que, acrescentando-as<br />
ao aporte da teoria pós-colonial e do perfil semiótico 7 da linguagem da sociedade de<br />
consumo, tenhamos uma idéia mais precisa e sintética à qual nos apegar para<br />
empreender a compreensão da natureza do problema da tradução cultural que<br />
estamos estudando, ajudando-nos a entender o universo de informações que se<br />
veicula via mass media.<br />
2. O Merchandising 8 Sócio-cultural na Paródia do Hino Nacional à Luz da<br />
Semiótica<br />
Inúmeras versões de uma paródia do poema do Hino Nacional Brasileiro<br />
circulam em vários sites da internet 9 . Ao contrário do Hino, cuja autoria de letra e<br />
4 Palavra, segundo DUBOIS (1973, p. 449), ―é um elemento lingüístico significativo composto<br />
de um ou mais fonemas, expostos numa transcrição ideogramática, silábica ou alfabética,<br />
compreendida entre dois espaços em branco‖.<br />
5 Marca comercial de uma empresa ou de uma idéia industrial que reúne letras do nome da<br />
empresa ou idéia a elementos formais abstratos, como desenhos, cores, gráficos, etc.<br />
6 Texto, segundo BARROS (1994, p. 7), se define, de um lado, pela estrutura de seus<br />
elementos internos, pela ―organização que faz dele um todo de sentido, como objeto da<br />
comunicação que se estabelece entre um destinador e um destinatário‖, e, de outro lado, pelos<br />
elementos externos que o compõem, tais como o contexto histórico de produção,<br />
conhecimento de mundo dos interlocutores, perfil cultural, etc.<br />
7 Não é demais lembrar que, historicamente, os estudos semióticos são mais antigos do que a<br />
brevidade do nosso texto faz supor. Nöth (1995, p. 18), diz que a semiótica aparece,<br />
inicialmente, no pensamento de John Locke (1632-1704), numa obra denominada Essay on<br />
Human Understanding, de 1690. Nesse seu texto, Locke teria acenado com certa ―doutrina dos<br />
signos‖, à qual dá o nome de Semeiotiké. Há, também, segundo Nöth, o nome de Johann<br />
Heinrich Lambert (1728-1777), que escreveu um dos primeiros tratados específicos sobre o<br />
tema semiótico, intitulado Semiotik. Dentre os pensadores semióticos modernos (Julia Kristeva,<br />
Jacques Derrida, Algirdas Julien Greimas, o próprio Ferdinand Saussure, e, ainda, os<br />
formalistas russos, só para citar alguns), escolhemos nos apoiar, em nossa presente análise,<br />
nos conceitos de Charles Sanders Pierce (1839-1914). Diz-se que esse semioticista tem uma<br />
visão pansemiótica do universo, pois toda as manifestações humanas, incluindo o próprio<br />
homem, para ele, são signos, portanto, cultura, história, ciências, símbolos, manifestações<br />
artísticas, jogos, imagens, textos, mass media, constituem um objeto de estudo passível de ser<br />
analisado. De seu arcabouço, nos apropriaremos indireta e subjetivamente, isto é, sem<br />
explicitações patentes, da categoria legi-signo (da primeira tricotomia), da categoria ícone ou<br />
quali-signo-icônico (da segunda tricotomia), e a categoria argumento (da terceira tricotomia).<br />
8 Conjunto de técnicas de marketing que consiste num esforço adicional à campanha<br />
publicitária normal de um produto, com o objetivo de cristalizar sua imagem de forma subliminar<br />
(SANDRONI, 2007, p. 535).<br />
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