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Linguagem, Educação e Artes - Vol.1 - 2010 - Unorp

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de pessoas puderam ter acesso diretamente às informações, uma vez que elas<br />

foram oferecidas não aos jornalistas, mas a todo os internautas através da rede<br />

mundial de computadores. Os órgãos jornalísticos para essas pessoas não<br />

funcionaram como gatekeepers 1 .<br />

O advento das novas linguagens, com destaque para a praticada pela<br />

internet, em paralelo, trazido à tona entre outros questionamentos, a questão da<br />

credibilidade da informação. São temores legítimos. Eles concernem em particular<br />

aos documentos não assinados ou que podem ser atribuídos a uma instituição que<br />

ponha sua credibilidade em jogo nas informações que coloca à disposição do<br />

público. É preciso dizer, no entanto, que a verdade resulta de um processo coletivo<br />

de busca e de produção que, quanto mais livre e múltipla é a palavra, mais eficaz<br />

é. Além do mais, uma ampliação da liberdade de expressão e de acesso à<br />

informação implica necessariamente, com um aumento de riscos, uma<br />

transferência de responsabilidade para os indivíduos e os múltiplos atores sociais.<br />

O fato é que os internautas estão expondo suas idéias em seus websites e a<br />

prática do diálogo nas comunidades virtuais parece que os está habituando à um<br />

tipo de discussão e deliberação pública. Sendo capazes de exprimir-se, eles<br />

esperam agora ser ouvidos. As novas formas de governança, as organizações e<br />

também as universidades deverão encontrar lugar para este novo tipo de cidadão,<br />

conectado, relativamente informado e portador e freqüentador contumaz da grande<br />

rede. Recentes pesquisas norte-americanas mostraram que os internautas são<br />

mais interessados pela atualidade política e votam mais do que os cidadãos não<br />

conectados. Os sites de informação política e de promoção da democracia<br />

eletrônica florescem na web americana e também na Europa. Vários deles,<br />

notadamente nos EUA, dão ao cidadão instrumentos para que se organizem em<br />

defesa de uma idéia e os ajudam a interpelar seus representantes. Porém, a<br />

principal inovação em matéria de deliberação democrática vem das chamadas<br />

ágoras comerciais que propõem instrumentos de organização e ação política,<br />

1 Termo gerado pelo psicólogo David Manning White nos anos 50, com o qual ele concluiu que o<br />

processo de seleção de notícias por parte dos jornalistas é arbitrário e subjetivo. Ele acompanhou<br />

durante uma semana o processo de escolha de notícias de um jornalista de meia-idade de um jornal<br />

médio norte-americano. A cada escolha, o profissional deveria anotar as razões pelas quais aceitava<br />

ou não uma notícia vinda de uma agência. White deixou transparecer que o processo de seleção é<br />

pessoal, baseado em convicções próprias e no conhecimento social particular. Sendo assim, de<br />

acordo com a teoria resultante do estudo, o editor é um gatekeeper, um porteiro, que abre e fecha a<br />

porta para notícias, publicando aquelas que parecem mais interessantes para serem divulgadas,<br />

esquecendo as demais.<br />

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