Linguagem, Educação e Artes - Vol.1 - 2010 - Unorp
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pelos chamados acontecimentos programados, em detrimento daqueles<br />
espontâneos. Então,<br />
torna-se essencial compreender que o Jornalismo não é um discurso<br />
autônomo. São muitos, cada vez mais, os sujeitos sociais competentes que<br />
ousam agir e interagir no mundo presente. O Jornalismo teria na sua<br />
natureza, a aptidão de captar, compreender, reorganizar e difundir os<br />
discursos que a sociedade produz, agregando-lhes a credibilidade de uma<br />
mediação crítica (CHAPARRO, 1994, p. 132-154).<br />
Por este entendimento, ele seria um ambiente de macrointerlocuções e com<br />
elas elaboraria significados e construiria sentidos, lidando, como já dito, com dois<br />
tipos básicos de acontecimentos, os imprevistos e os planejados. Estes últimos são<br />
produzidos e controlados por pessoas ou instituições com aptidão para tal, do qual<br />
fazem parte a divulgação de oportunidade, tendo sempre em vista a divulgação de<br />
aspectos positivos em um primeiro momento, sem nenhum caráter de denúncia e<br />
dispensando aspectos de contextualização que levem a reflexões de ordem crítica e<br />
comparativa. Com a instauração de focos de emissão informativo-jornalística fora<br />
das redações em grande escala, fenômeno que está se verificando com grande<br />
freqüência também no Brasil, cada vez mais o espaço das pautas do jornalismo<br />
diário é ocupado pelos acontecimentos programados. Gostem os editores e<br />
pauteiros, ou não, os produtores competentes de acontecimentos exercem<br />
influência crescente e irrecusável nas decisões jornalísticas. Os veículos jornalísticos<br />
investigam, num primeiro momento, o que tem interesse para o bem público até<br />
depararem-se com os interesses próprios dos entrevistados, observados,<br />
pesquisados e envolvidos na pauta jornalística. No momento de elaborar ou atribuir<br />
significados à mensagem, as habilidades mais valiosas são as que acabam por<br />
interferir na escolha daquilo que irá para o ar. Se se fizer uma análise detida do<br />
conteúdo dos jornais de hoje, certamente uma característica se pronunciará com<br />
força: boa parte, senão a maioria, daquilo que é oferecido à opinião pública são<br />
relatos ou análises de acontecimentos planejados e controlados por instituições ou<br />
pessoas que decidiram promovê-los e sabiam como fazê-lo. Dos acontecimentos<br />
não previstos e não programados, só as grandes tragédias e acidentes ainda<br />
ocupam espaço e posições de destaque na imprensa.<br />
As pautas jornalísticas estão contando com a presença dos pauteiros<br />
externos à redação, em cujas aptidões se inclui, hoje, o domínio das habilidades<br />
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