O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

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mexicanos que enviam dinheiro dos Estados Unidos o fazem todos os me- ses; cerca de 30 por cento têm conta poupança ou financiamento de imó- veis no México. Em 2007 um estudo relatou que 72 por cento dos latinos que vivem nos Estados Unidos enviam dinheiro, viajam para casa ou telefonam para parentes, e 27 por cento possuem propriedades em seus países de origem. A realidade transnacional está também gerando impactos na políti- ca, tanto aqui como lá. Mais do que nunca, os imigrantes nos Estados Unidos cruzam fronteiras nacionais para votar, disputam cargos eleti- vos, contribuem para campanhas políticas, organizam comícios, par- ticipam em associações de ajuda as suas cidades de origem, sindicatos e igrejas. Por causa disto, políticos de outros países competem com gover- nadores e prefeitos na América pelo dinheiro que os imigrantes investem Índice em campanhas políticas. Boston e Nova Iorque, onde os partidos polí- ticos da República Dominicana têm comitês, são paradas obrigatórias para os candidatos dominicanos à Presidência da República. De acor- do com algumas estimativas, os dominicanos arrecadam de 10 a 15 por cento dos fundos de campanha nos Estados Unidos e políticos dominicanos acreditam que a opinião dos imigrantes transnacionais influen- cia o pensamento dos dominicanos que ficaram no país. A influência dos transnacionais afeta políticos americanos também. Quando Rudy Giulia- ni era prefeito de Nova York, viajava regularmente para Santo Domingo, capital da República Dominicana, em campanha eleitoral. Em Chicago, José Gutierrez, lí- der político mexicano-americano, detém influência nos Estados Unidos e no México. “Uma manhã”, relatou o Chicago Tribune, em abril de 2007, 10 / 125
“ele revela um plano de mais serviços para imigrantes em Illinois como Di- retor do Gabinete de Políticas de De- fesa para Novos Americanos. Na noi- te seguinte, ele estava no seu estado de origem, Michoacan, reunido com partidários para escolher candidatos ao Congresso mexicano.” Gutierrez, que chegou em Chicago em 1986, diz que a política transnacional parte de uma nova consciência mexicana que transcende países e força mudanças em ambos os lados da fronteira. “O conceito Estado-nação está mudan- do”, ele disse ao Tribune. “Você não tem que dizer ‘eu sou mexicano’, ou ‘eu sou americano.’ Você pode ser um bom cidadão mexicano e um bom ci- dadão americano, sem que haja um conflito de interesse. A soberania é flexível.” A política transnacional se es- tende ao exercício de mandato e voto além das fronteiras nacionais. Em 1997, Jésus Galvin, um agente Índice de viagens colombiano que vive em Hackensack, New Jersey, onde era vereador, disputou uma vaga ao Se- nado da Colômbia. Se eleito (ele não foi), Galvin planejava exercer fun- ções simultaneamente em Bogotá e Hackensack. Quando um mexicano dono de um restaurante em Chicago ajudou a construir novas estradas e a montar novos negócios em Telolo- apan, no estado mexicano de Guer- rero, a população da cidade o elegeu prefeito com a grande maioria dos votos. Os imigrantes da Colômbia, República Dominicana e do Brasil podem votar nas eleições nacionais em postos de votação montados nos Estados Unidos pelos seus consula- dos. Transferências de ideias polí- ticas, ideologias e práticas de or- ganização fluem nas duas direções entre os Estados Unidos e os paí- ses de origem. Enquanto noções de eleições livres e justas, liberdade de <strong>11</strong> / 125
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