O Globo, 05/11/1954 - Geia Plural

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os exploradores do suor alheio, a qualquer título. E uma das maiores di- ficuldades que enfrentará a nova religião, em sua marcha histórica para transformar-se na Religião do Ocidente, estará na complicada superação do conflito entre ser cristão e praticar atividades em que o lucro seja o resultado primordial (o comércio, a usura, o subsalário, etc.). Será pre- ciso chegarmos aos albores dos tempos modernos e alcançarmos uma Reforma radical da mensagem cristã (o Protestantismo), para aí, nessa inversão teológica, no bojo de sua mundividência, encontrarmos a clara justificação dos princípios capitalistas (Max Weber). Não por acaso, to- davia, essa nova ética encontrará seus fundamentos na Bíblia veterotes- tamentária, e não no Novo Testamento. Igreja de São joão - São Luís/MA Índice 38 / 125 Foto: Albani Ramos
Em conclusão A partir do século IV, é impossível contar a história da civilização ocidental sem que se leve em conta a orientação e influência do Cristianismo. O Oci- dente “é cristão” – e isso diz tudo. A prática dos princípios cristãos – a prática da caridade, da assistência aos pobres, aos doentes, aos órfãos, etc. tem levado milhões de almas ao sacrifício heroico, em seguimento ao exemplo de Jesus. Apesar disso, uma avaliação sumária da História ocidental evidencia o quanto o mundo que se diz cristão (incluindo católicos e protestantes, sem maior distinção) mostra-se longe de haver formado uma sociedade humana, verdadei- ramente baseada na mensagem do Galileu. Falha, não do Fundador, mas da ob- servância de seus ensinamentos, que exigem extremos de heroísmo e renúncia à comodidade humana. Como disse Chesterton: “O cristianismo não falhou: ele não foi ainda experimentado”. Sebastião Moreira Duarte M.Sc Administração Universitária, University of Alabama; PhD em Literatura Latino Americana, University Illinois, membro da Academia Maranhense de Letras. Índice 39 / 125
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